[quote=“Alcir” post=108817]Quase uma semana depois… hahahhahhahahah.
Depois de muitos planos e esforços, pude acompanhar meu segundo mundial ao vivo, e obviamente foi uma ótima experiência. Ao mesmo tempo, acompanhar o mesmo evento num espaço de 4 anos (estive em Paris em 2013) dá uma visão interessante do que mudou. Acima de tudo, de lá para cá, houve uma reestruturação razoavelmente radical do evento. O torneio ficou menor, sendo que antes cada associação tinha 5 vagas mínimas e agora tem 3, e consequentemente “a peneira afinou” tb. Nesse meio tempo tb houveram praticamente duas mudanças de bola e muito aconteceu no cenário, que no final é o que conta para a evolução e transformação do esporte. O mais nítido de lá para cá é que o nível aumentou muito, em todos os lugares. Todos se conhecem, e se respeitam profissionalmente, pq estão todos envolvidos em centros de treinamento, ligas fortes, etc. O mundo do tênis de mesa tem cada vez menos desconhecidos. Era impressionante ver atletas de países pouquíssimo conhecidos (nem apenas no tênis de mesa, mas geograficamente falando mesmo) jogando muita bola. Tendo a oportunidade de ver além das mesas cobertas pela TV, isso foi o que me deixou mais contente: me dar conta de que o esporte está chegando a todos os lugares do mundo com seriedade, mais do que apenas inclusão, que no fim das contas, por si só, não serve de muita coisa.
Consequentemente e ainda mais importante foi o aumento de competitividade tb nos níveis mais altos, o que é tão difícil considerando a soberania chinesa. Mesmo quando não houve surpresa ou “zebra” (não que eu goste muito do conceito), pelo menos todo mundo deu mais trabalho para todo mundo, INCLUINDO os chineses. Tomas Polansky fez um jogaço contra o Xu Xin e de fato o ameaçou, o mesmo valendo para o Anton Kallberg contra o Ma Long. No feminino, a TV não mostrou, mas a Mu Zi (perdeu uma semifinal incrível em 2015 por 4x3 para a Ding Ning) tb foi enfrentada testa a testa com a sueca Jenifer Jonsson nas rodadas preliminares. Em 2013, os projetos de desenvolvimento das associações já vinham mostrando resultado, mas até por um possível estado de maturidade ainda menor, os favoritos passavam com muito mais facilidade, o que mudou muito dessa vez. Dá um trabalho danado construir algo sólido no esporte de alto rendimento e fico contente que tenha cada vez mais gente colhendo frutos disso.
Quanto ao Brasil, o Mundial já começou histórico para nós, sendo que conseguimos o direito de levar a cota máxima por associação no masculino (5 atletas), e no feminino, com 2 de 3 atletas já na chave principal. Todos que jogaram o qualify (Vitor Ishiy, Eric Jouti e Bruna Takahashi) se classificaram sem grandes dificuldades em seus grupos, e isso por si só já é ótimo, mostrando que já subimos muitos degraus. Em se classificando apenas o primeiro colocado, qualquer escorregão praticamente acabaria com o sonho, e muitas vezes já ficamos no caminho, mas não dessa vez. Na sequência eles acabaram eliminados por ótimos atletas, mas se nos grupos já não é fácil, nas primeiras rodadas é que não seria mesmo. Na chave principal, as meninas pegaram grandes atletas logo de cara (o que era esperado de alguma forma), e ainda quase conseguimos uma vitória com a Gui Lin, mas o que deve ficar é o desempenho e não o placar. No masculino não foi diferente, e mesmo nas derrotas, já vemos que muito mudou. Mas como sempre alerto o pessoal: expectativas mais destroem do que constroem, portanto, nosso papel é bater palmas.
Quanto ao jogo em si, ao vivo dá para ver melhor algumas mudanças tb, e certamente algumas delas ajudaram nesta diminuição do espaço entre os níveis tb. Obviamente quem jogava bem continua jogando bem e quem jogava mal continua jogando mal, mas em geral tem mais bola entrando, o que é bom e ruim ao mesmo tempo. Bom no sentido de que alguns golpes muito difíceis e que agregam bastante na beleza do jogo como o contra ataque parecem estar entrando mais, principalmente os mais agressivos. Por outro lado, pelo fato da bola ter ainda menos rotação que a anterior, o “feio, mas eficiente” tb ganhou um pouco de espaço, e sendo a rotação um dos principais diferenciais do nosso esporte (para mim o maior deles), embora seja cedo para falar de qualquer coisa permanente, pode ser uma perda relevante.
Enfim, bons jogos, bom público, bons sinais. Que venha Halmstad 2018 e (se não me engano) Budapeste 2019!
Abraços!!![/quote]
Belo texto, devia ser jornalista!
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