Olá turma do temp.mesatenista.net
Como este tópico causou uma grande polêmica e tendo em vista dirimir as dúvidas existentes, conversei pelo telefone com o Prof. Nélio e posteriormente por e-mail expliquei o que estava acontecendo e solicitei que ele acessasse o temp.mesatenista.net, inclusive forneci o link deste tópico para que pessoalmente ele lesse todas as considerações dos mesatenistas.net e enviasse sua abalizada opinião.
Prontamente e atenciosamente ele acessou este fórum e me enviou o seguinte e-mail:
[b]Olá, Paulo.
Legal o fórum de vocês, parabéns!
A questão do alongamento pré e pós-exercício, em suas relações com incidência de lesões, dor tardia e desempenho neuro-muscular, é mesmo ainda bastante controvertida. Até pouco tempo atrás (e, em grande parte, devido à popularidade do livro do Bob Anderson, cujo link alguém postou), acreditava-se ser indiscutível que a prática do alongamento no aquecimento e imediatamente após o treino eram medidas indispensáveis para a segurança do praticante e também para a otimização do desempenho. Como publiquei na carta, atualmente vários estudos apontam em outra direção.
É importante ressaltar que os efeitos crônicos (de longo prazo) do treino de flexibilidade são normalmente positivos. KNAPIK e colaboradores (1992) demonstraram que quando se melhora a flexibilidade, o risco de lesão diminui ATÉ UM CERTO PONTO, a partir do qual ele volta a aumentar, como mostra a figura abaixo. De qualquer maneira, parece não haver dúvidas com relação à importância de se treinar, a longo prazo, a flexibilidade, procurando desenvolvê-la a níveis ótimos.
Embora esteja bem demonstrado que o AQUECIMENTO melhora o rendimento na parte principal do treino ou na competição(GRAY e colaboradores, 2002), a controvérsia aparece quando se consideram os efeitos agudos dos exercícios de alongamento estático. Por muito tempo, se considerou que alongar era sinônimo de aquecer. No entanto, programas de aquecimento que não incorporem alongamento estático são benéficos, mas quando o alongamento é incluído parte desse benefício se perde. Isso é particularmente verdadeiro para atividades onde seja necessário gerar potência máxima, como provas de velocidade e saltos no atletismo. A figura abaixo mostra como o desempenho em um teste de força explosiva pode ser afetado negativamente pelo alongamento estático, com resultados permanecendo deprimidos mesmo 30 minutos após o término da sessão de alongamento (KÜNNEMEYER & SCHMIDTBLEICHER, 1997):[/b]
HERBERT & GABRIEL (2002), entre outros autores, não encontraram relação entre alongamento pré e pós exercício (aquele que fazemos no aquecimento e logo após o treino) e incidência de lesões ou de dor tardia. A figura abaixo mostra dois estudos de POPE e colaboradores, citados por eles, que demonstram que a probabilidade de permanecer livre de lesão cai com o aumento do período de treinamento, sem qualquer diferença entre os indivíduos que alongaram ou não imediatamente antes ou após o exercício.
[b]Bom, acho que essa mensagem já está bem longa. Lendo a carta com atenção, o pessoal do fórum vai perceber que minha intenção era demonstrar que:
1 - Treinar flexibilidade é importante, devido a seus efeitos crônicos (de longo prazo);
2 - O melhor momento para treinar flexibilidade não é durante o aquecimento nem na volta à calma.
Talvez seja bom enfatizar aqui que o AQUECIMENTO é extremamente importante, mas que ele não é sinônimo de alongamento, principalmente de alongamento estático.
Sabemos que o alongamento provoca uma sensação de bem-estar que pode dar uma falsa sensação de segurança e de prontidão para o rendimento. Na verdade, ele não está associado com proteção imediata contra lesões musculares, e pode piorar o desempenho em algumas tarefas. A questão, portanto, não é “alongar ou não alongar”, mas sim “quando e como alongar”.
Um abraço,
Nelio Alfano Moura[/b]
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P. S. - Este e-mail veio com 2 gráficos que não conseguir reproduzir aqui.
Espero que com os esclarecimentos deste experiente mestre todas as dúvidas tenham sidos esclarecidas.
Abraços
Paulo Noya