T0Rto ou certinho?

Me digam aí o que vocês acham mais importante:

  • Fazer o máximo para acertar os golpes mesmo jogando torto de vez em quando ou;
  • Jogar com postura correta (até imitando algum top) e demorar mais para desenvolver um jogo sólido?

Muitas vezes eu tento jogar e vencer como atletas famosos, mas obviamente isto é impossível de acontecer no meu caso (panga!). Então no meio do jogo, na ânsia de acertar a jogada, o movimento começa a ficar torto. Na minha opinião este é o caminho errado a ser seguido, pois visa apenas resultados imediatos. Eu considero que jogar com postura e movimentos corretos é melhor porque lhe dá mais opções, só que leva mais tempo para desequilibrar a balança favoravelmente. Pretendo tirar os vícios aos poucos conforme for treinando. Nisso os vídeos de top players ajudam bastante a tecer um modelo de atuação na mesa.

Eu como ainda tenho dificuldade na movimentação de pernas, é torto pra um lado e torto pro outro lado.

As vezes uma tortisse não faz mal.
Acho que uma coisa que atrapalha muito são os movimentos desnecessários, fazem você se desgastar mais, perder o controle dos golpes e perder preciosos centécimos de segundo.

Jogar com postura correta (até imitando algum top) e demorar mais para desenvolver um jogo sólido?

Eu fico tentando imitar o boll, e só me dou mal.

Nenhum de nós tem perna pra tentar imitar profissional, sempre tento imitar e chego atrasado na bola, recepciono na rede pq tento encurtar demais, ou o saque vai pra rede pq quero botar curto demais.

O jogo fica mais bonito e tal mas no fim a eficiência é muito reduzida porque precisa treinar muito. No fim meu jogo só ficou confuso e eu erro um monte de besteira. Uma coisa que eu critico no boll até hoje, é que ele nunca compensa jogada nenhuma. As vezes não dá pra ele chegar na bola e fazer drive certinho, ele tenta chegar na bola e da-lhe quina nela. É melhor chegar e botar a bola na mesa de qlq jeito do que dar um monte de quina. Até 2004 ele dava um monte, depois melhorou fisicamente e agora dá poucas. Mas raramente eu vejo chines dando quina ou furando bola.

É melhor tentar jogar sempre certo, mas estar consciente das suas limitações técnicas/físicas, e não inventar muito. Eu assisto tanto jogo que vejo 300 tipos de recepção. Quando eu vou tentar fazer nunca consigo e isso as vezes me deixa mais nervoso e nem deveria. Os caras treinam essas jogadas com muita frequência e estão afiados.

Eu acho que pra quem treina pelo menos 4x na semana, tem que tentar fazer tudo certo. Mas pra quem joga só partida, que façam torto mesmo, inclusive eu faço um monte de coisa torta pra ter resultado imediato. A satisfação é maior, levando em consideração que estou levando tempo demais pra desequilibrar a balança favoravelmente. Jogar torto é o caminho errado mas acho que quem compete sem muitas ambições de seleção etc, não custa nada compensar as jogadas e botar na mesa.

Eu diria que até certo ponto jogar certinho é bom, mas não é bem assim. Por exemplo têm muito europeus que não jogam tão certinhos mas são muito bons, o Kreanga mesmo é um exemplo disso. O Waldner consegue jogar até bem certinho, mas ao mesmo tempo ser natural. O Appelgren apesar de não ser tão certinho era bem talentoso. Agora eu não gosto do Timo Boll, pois apesar de jogar bem certo, tem momentos que é muito forçado, não joga usando muita habilidade e criatividade. Pegue o video de treinamento do Christian Suss, por exemplo, e veja que ele joga quase que nem o Boll, a única diferença é que ele é destro.

Eu acredito que vc pode jogar até certo ponto certinho, mas tem que aprender a usar as suas próprias habilidades tambem. Como diz o Jorgen Persson em seu video de treinamento: “You have to develop your own style” (você tem que desenvolver o seu próprio estilo), ou seja, ver como diferentes jogadores jogam e tentar ver o que de cada jogador vc pode pegar e aquilo que vc sente mais facilidade em fazer.

Vou dar um exemplo que vai mais alem. Por exemplo o Japão no futebol é uma verdadeira porcaria. Os jogadores japoneses fazem exatamente o que o técnico manda, tentam ser certinhos. E o que o Japão consegue? Quase nada.

No caso do tênis de mesa japonês, podemos dizer que é bom. Mas faz quando tempo que não temos um japonês campeão mundial? Se fosse realmente só quem joga certinho ganha, por que não temos mais japoneses entre os 20 do mundo no masculino? O melhor japonês é o Kaii Yoshida nº 49 (detalhe ele é chinês naturalizado).

Enfim até certo ponto temos que jogar certinho, mas devemos evitar ficar esteriotipados. Até que ponto jogar certinho significa jogar limitado? Acho que devemos jogar certinho, mas entender o que estamos fazendo. Não adianta copiar simplesmente por copiar, mas entender porque aquilo vai melhorar.

A técnica é uma adaptação individual, se consigo ter eficiência utilizando golpes pouco ortodoxos é um mérito, mas não penso que deveria ser aberto escolas para treinar estes movimentos.

Em um grupo de 10.000 alunos, muitos terão os quesitos para desenvolver sua habilidade, espelhando-se ou não, em outros jogadores.

Vários talentos emergirão, basta apenas divulgar a modalidade…

No mundo milhares de crianças tem as condições para tal, mas será que eles ou seus familiares conhecem e as incentivariam a jogar TM?

A principal tarefa do treinador é apresentar um padrão motor e ver a forma que o aluno entende.

Após a tarefa maior será corrigir, adaptar, desenvolver, experimentar, enfim auxiliar a percepção do atleta a aprimorar-se.

Eu sou da opinião que a evolução é muito mais eficiente à longo prazo se seguirmos certos padrões. Mas isso não quer dizer que não deve haver um toque pessoal.

A questão é que pelo menos de inicio tentar reinventar a roda pode significar uma grande gama de problemas no futuro na tentativa de corrigir certos vicios. Por isso acho que o estilo proprio deve ser aplicado mas sob a supervisão tecnica de outras pessoas pra saber se realemente as sutilezas são opções viáveis. E enfatizo o termo pessoas, pois nesse ponto opiniões podem variar bastante e é necessário mais de um ponto de vista.

Vocês já ouviram falar de um tal de Bjorn Borg (tenista sueco)???
Esse tenista dava o backhand com as duas mãos na raquete, jogava no fundo da quadra e o smash dele era totalmente fora de técnica.
Mas ele foi o super-campeão das quadras de wimbledon.
Ele disse num livro sobre sua vida que o que importava era a eficiência do golpe e não a plástica (a beleza) do golpe. Muitos técnicos mandavam ele executar o back apenas com uma mão (no fim do movimento), mas ele dizia somente ter segurança quando executava o golpe com as duas mãos no cabo da raquete e assim foi muitas vezes campeão.
Penso que temos que aprimorar os nossos defeitos, não nossos golpes eficientes.
Eu tento observar treinamentos e corrigir meus erros. No entanto, os golpes que são eficientes, mesmo sendo executados de forma estranha, estes eu não mudo e muitos adversários se complicam.
A resposta é sempre treinar. Com o treino todos os golpes são aprimorados.

Acho que se tem que jogar do jeito que acerta mais, ví num vídeo o Backhand do Person, mesmo não sendo o movimento certo ele acertava cada bola com uma potência mais forte que o fore de vários jogadores.
Se não me engano esse vídeo era no Beyond Table Tennis Imagination.

Das opiniões colocadas, é a que mais resumiu meu pensamento tb…
Creio que tudo que herdamos como técnica, ao longo desses anos de desenvolvimento do esporte, não precisa ser deixado de lado, nem no aprendizado do “bê a bá” nem na tentativa de se chegar a “alto nível”.

O que está comprovado é que sempre que se chega num certo nível, ficar limitado ao pacote de informações que se recebe é abdicar do talento próprio de cada praticante.

Fica a cargo dos técnicos (felizes os que os têem) observarem essas aptidões “natas” e individuais, e conseguir diferenciar as “manias” e “vicios” errados dos movimentos que caracterizam o praticante.
Ex: back do Persson, Drive helicoptero do Kreanga, shoto do Liqin (todos esses movimentos se vc ver outra pessoa fazendo, vai lembrar desses atletas.)

Abração!