Olá @mily, bem vinda, e sim o tópico é permitido sim no fórum. Aliás, bem mais relevante do que a vasta maioria da busca pelo material perfeito que não existe hahahahahahah. Muito obrigado por isso!
Eu sou um cara de muita sorte por ter a oportunidade de ter conhecimento da jornada de atletas de elite bem de perto, e alguns deles mesmo por eu acompanhar a “subida da montanha” junto com eles. E em primeiro lugar, é necessário separar algumas coisas. “Atletas de ponta” é muita gente, inclusive pq cada esporte tem um certo “ecossistema de captação”, e para quem está fora dos esportes que tem mais mercado profissional, as coisas não são tão ortodoxas ou homogêneas assim. Inclusive, esses ecossistemas variam dentro de um mesmo esporte, dependendo do nível de profissionalismo local e abordagens diferentes. Ou seja, num esporte como o tênis de mesa, nem todo atleta de elite começa tão incrivelmente cedo. Claro, quando ele cresce envolvido no meio (filho de atletas, por exemplo), ou quando o grupo em que ele é inserido é muito competitivo (países com tradição no esporte, por exemplo), é natural começar antes, pq sim, é uma vantagem, e é tão óbvia a razão que nem é necessário explicar. Mas principalmente fora dos grandes mercados, onde é mais difícil fazer captação (ter atratividade) é muito comum os atletas “caírem no tênis de mesa”, e aí eles já não chegam tão novos muitas vezes. Hoje mesmo, nossos dois principais atletas no masculino não começaram tão cedo assim, e tem atleta de muita projeção que começou com 13 anos. Por isso, a sua afirmação “atletas de ponta começam com a idade de 5 ou até menos” pode até ser uma verdade, mas condicionada a alguma situação específica, e posso te dizer, não absoluta no tênis de mesa.
Dito isso, “em TODO O MUNDO, deveria existir alguém”? O que significa “dever”, no caso? Deveria tentar? Como todo mundo, pagando o preço (e do que menos estou falando aqui é dinheiro) e aceitando o risco, pq não? E é aqui que a coisa fica menos heterodoxa. Quando um candidato a atleta entra mais tarde na corrida, ele pode ainda ter sua chance de ganhar seu espaço, mas antes de qualquer coisa, precisa aceitar que quem está chegando vem embalado por estar correndo há muito tempo, e não é nem pode ser culpa do esporte ou de quem se preparou a vida toda. Conquistar a elite de um esporte é incrivelmente difícil o tempo todo, e realmente é um trabalho para uma vida TODA. Isso significa que é impossível? Não. Mas com todos os esportes ficando cada vez mais intensos, a probabilidade é cada vez menor, não dá para negar ou culpabilizar. Inclusive, pq QUEM JÁ ESTÁ LÁ vive no limite de dar tudo errado o tempo todo. Então, quantas “fichas da vida” alguém está disposto a colocar na mesa para tentar?
Dito isso (II), não é simplesmente questão de investimento ou de paixão. Acredite @GUILHERME, ambos acabam bem cedo, e assim como em qualquer trabalho, desempenho e felicidade não necessariamente tem relação em qualquer das direções. Inclusive, a beleza, e ao mesmo tempo, crueldade da coisa é não ter explicação, fórmula ou caminho pré-determinado, para o bem ou para o mal. A coisa toda é um livro que vc só consegue ler uma palavra de cada vez, e a cada uma delas tudo pode mudar. Em todos esses anos no esporte, vi todo tipo de candidato ficar no meio do caminho, por todo tipo de razão, mas tb vi outros surgirem do nada. Cada um com seu motivo para desistir ou continuar, fazendo suas escolhas para suas vidas.