Notícia de Timo Boll a respeito de Boosting

Pessoal, publicação de Timo Boll para um jornal da Alemanha que saiu em 31.01.2016. Ele destaca dois pontos muito críticos acerca do Tênis de Mesa atual. Sei que não deve ser novidade para muitas pessoas os fatos, mas me assusta um atleta de alto nível expor esse assunto de modo tão aberto e direto.

  1. Segundo ele, cerca de 80% dos jogadores profissionais usando materiais proibidos, isto é, com Boost.
  2. Qualidade da bola nova de plástico fabricada pela ITTF. Ele e Ovtcharov estão reprovando, segundo o relato da reportagem.

Saiu agora pouco no Table Tennis Daily, segue a fonte original da Alemanha e o fórum em inglês.

http://www.spiegel.de/sport/sonst/tischtennis-timo-boll-wirft-der-konkurrenz-manipulation-vor-a-1074917.html

http://www.tabletennisdaily.co.uk/forum/showthread.php?12236-Timo-Boll-Interview-About-80-of-pro-s-are-using-illegal-rackets

Alguma repercussão entre os mesatenistas? Está denúncia vinda de um jogador de alto nível era para ser uma ‘bomba’ no meio esportivo.

Vi agora a reportagem. Não me espanta e acho até que 80% foi uma estimativa conservadora. Por mim ficaria liberado para todos.

Infelizmente até agora nenhuma repercussão negativa. E me espanta também a percentagem ser alta. Não que usar cola rápida vai fazer a gente virar o Timo Boll do dia pra noite.

Smarzaro escreveu: "Vi agora a reportagem. Não me espanta e acho até que 80% foi uma estimativa conservadora. Por mim ficaria liberado para todos"

Porém, vejo problemas em liberar cola rápida pra todo mundo:

  1. Está cientificamente comprovado, a cola rápida é sim cancerígena, pois contém alto teor de compostos voláteis, como tolueno, derivados de benzeno, etc. A composição inclusive contém até compostos da cola de sapateiro. Quando eu usava antes do banimento, realmente aquilo parecia que corroía você por dentro, tinha que colar em espaço muito aberto e sair de perto quando a cola secava. Fora que o uso constante dessas substâncias provoca vício. E não vou usar algo que me mata aos poucos.

  2. Por serem voláteis, esses compostos evaporam facilmente, então o único jeito realmente eficaz de fiscalizar é retirar a borracha da raquete dos jogadores logo após o jogo e enviar a laboratórios. Muitas vezes se você colar e esperar por exemplo 1 mês, restarão só traços daqueles componentes (nem perceptíveis ao nosso olfato), então só uma análise muito boa pegaria. Novamente, fica a cargo da ética do jogador.

  3. A própria ITTF deveria se pronunciar sobre isso, afinal foi ela quem proibiu em 2004, e ficou prorrogando até 2008, quando finalmente começou a banir. É ela mesma quem deveria punir severamente o jogador e fiscalizar pesado isso.

  4. O mais importante: são atletas de alto rendimento e deveriam dar exemplo pra nós. A atitude do Timo foi boa, pois ele foi um dos poucos a assumir isso publicamente. Alcir havia me falado que Mizutani ameaçou não participar do WTTC em 2013 devido a isso, porém creio que muita gente não deu ouvido a ele na época. Tomare que mude algo a partir de agora.

Diogo,

Eles não usam cola rápida, mas sim Boosters (óleos), que não são detectados pelo Enez (detector de solvente aromático) e de difícil controle, e não são de componentes voláteis.

Os argumentos abaixo não funcionam para boosters.

abçs,
Roberto

Tem certeza que nem o argumento de ética funciona Roberto? Independente de ser cola rápida ou não, creio que existe um aspecto ético maior nisso tudo. E desculpe o erro pela não diferença de booster e de cola rápida.

Pra mim ética deveria ser mais importante que qualquer análise química ou física. Não sei o que você pensa a respeito disso. E, por favor, não quero ofender nem você nem a comunidade do tênis de mesa quanto a isso. Se é tão normal assim, porque os jogadores não falam disso abertamente ? Pode ser falta de informação minha também. Não adianta proibir doping de raquete se continuam a fazer isso em alto nível (questão de ética).

Realmente a ética deveria ser o mais importante mas isso é uma utopia. Infelizmente sempre terá gente tentando tirar vantagem em quaisquer competições, e muitos jogadores acabam se rendendo ao sistema por estar em desvantagem sem usar o booster e começam a utilizar também.

Algumas regras às vezes PRECISAM ser avaliadas, discutidas e revistas, mas TODAS elas DEVEM ser cumpridas enquanto estiverem em vigor, isso é bem simples. Porém, mesmo tendo o Diogo realmente confundido cola rápida com booster, trazê-lo a tona nos remete à importância de compreender as razões das coisas.

Houve (e às vezes ainda há pelos saudosistas) muita teoria da conspiração (sem utilidade) em torno da iniciativa de banir a cola rápida, mas na minha opinião, este foi um golaço da ITTF. Solventes voláteis são perigosos SIM e ponto final, tanto que todas as indústrias buscam banir seu uso, assim como acontece com o amianto por exemplo. Saúde por si só tem que ser motivo suficiente para isso, portanto esta razão é legítima e incontestável. Entretanto, sendo este problema resolvido, acredito que começou-se a criar problemas acessórios. Os atletas profissionais acreditavam precisar de algo para melhorar o desempenho de seus materiais e então os boosters vieram a tona. Deste ponto, começou toda a complicação do controle de raquetes, sua consequente polêmica e jogo da culpa entre atletas e instituições. Mas a questão “liberar ou não” deveria vir da questão “por que é proibido”, e se a proibição da cola rápida é por conta dos solventes, desde que os boosters não o contenham, não vejo razão para proibir, uma vez que (até onde eu sei) os materiais usados são orgânicos, e inclusive se não fossem seriam identificados no teste do ENEZ. Se a razão da proibição é dar vantagem a quem usa, então um dia podemos chegar a estúpida conclusão que todos os atletas deveriam jogar com raquetes iguais fornecidas pela federação, para garantir a igualdade de condições. Afinal, se o booster dá vantagens, o mesmo também vale para borrachas e madeiras mais rápidas por exemplo. E diferente do doping, que dá vantagens alheias ao controle do jogador, nem borracha, nem madeira, nem cola e nem booster geram resultados sozinhos.

Em suma, acredito que o controle está causando mais problemas que a liberação, principalmente considerando que ele é falho e o uso é algo considerado de fato como natural. O relato do Timo Boll não é nada espantoso neste sentido, pois muitos atletas já falaram do tema direta ou indiretamente sem isentar-se do uso. E diferente de nós amadores, estes caras dependem de desempenho para ter resultados, logo reconhecimento, logo patrocínio / contratos e logo salário. Sendo assim, ao colocar-me no lugar deles, por mais que haja integridade (como acredito ser o caso do Timo Boll), é complicado ver os colegas usando e ficar para trás, sobretudo quando não há razão clara para não usar, então eu não julgaria a situação apenas pelo prisma do livro de regras. Para mim, o pecado mora em um fingir que engana e outro fingir que está sendo enganado, pois o que é feio é existir uma regra que não é cumprida e nem útil, afinal elas devem existir em função do bem ao esporte.

E deixo o conflito para quem precisa disso, enquanto sigo tentando bravamente (e sem sucesso muitas vezes) simplesmente colocar bolas na mesa hahahahahahahaha.

Abraços!!!

Concordo com o Alcir.

Os atletas tanto reclamaram da proibição da cola rápida, devido ao aumento das propriedades da borracha que proporciona, q mesmo sabendo do risco para a saúde, se não fosse proibida e detectável, capaz de muitos ainda continuarem usando.

Agora o booster (óleo) que não tem as substancias prejudiciais a saúde, e que proporciona a melhoria do desempenho do material, pq não é liberado!?

Até parece mais jogada de fabricantes que na época da cola rápida não tinham tanta variedade, pois a cola igualava mais o desempenho das borrachas de uma simples para uma Top. Hoje sem a cola se vc quer mais desempenho do material, tem que comprar a mais cara.

Olha tem hora q imagino qual tanta a diferença na produção de uma borracha simples para uma Top do mesmo fabricante? Se for checar no fim a simples sai 10 e é vendida por 20 e a Top sai 20 só q é vendida por 100, pois é TOP…

Na linha dos profissionais do ranking da ittf nao sei se o custo afeta tanto, pois eles tem patrocínio. Mas e para os garotos que estão começando ou aqueles que nao vivem exclusivamente do TM!?

Esses não podem usar booster pois é proibido, mas eles terem que jogar com uma borracha de 100,00 por não ter condição de adquirir outra e seu adversário estar usando uma de 300,00 isso pode! O booster dá vantagens para o jogador, mas a diferença de material não!?

Alguns modelos de borracha, nao sei se tem ainda, estavam vindo com booster de fábrica e eram aprovadas pela ITTF, como a Nianmor da Tibhar, ou seja, vir de fábrica podia, mas vc aplicar não!?

Desculpe se eu sai do tema, mas acho que ao invés de alguns atletas reclamarem do uso “indevido” do booster, deveriam é se unir e lutar pela mudança da regra para deixar liberado o seu uso. Pois como todos sabem, a grande maioria usa, e talvez até alguns q sejam contra tb usem, mas falam q nao.

Ah… antes de mais nada, nunca usei cola rápida, comecei a praticar em 2008 e nem peguei essa época, o booster fui experimentar recentemente no inicio de dezembro, logo depois veio as férias, o treino voltou essa semana e nao apliquei novamente ainda, ou seja, o efeito já sumiu, e para eu que sou “perna de pau”, ops… nesse caso é “braço de pau” né… kkkk nao senti tanta diferença, talvez seja por nao ter a tecnica suficiente pra tirar proveito…

Abraços!!!

Bom dia

Endossso as sabias e bem escritas palavras do Alcir…

Cabe lembrar que não foi so o Timo Boll que formalizou seu protesto, mas também Jun Mizutani em anos anteriores
deixando ate de participar de etapas

Não e difícil ver atletas de clubes aqui utilizando, e so prestar atenção na diferença de barulho, todo momento a pessoa
pressionando a raquete pois a borracha tende a levantar as pontas, e a borracha esticada…

Vou começar usar também, pois embora seje um recurso se o jogador não tiver um bom jogo formado, a tendência e
aumentar o risco de não acertar em mesa…

Abracos a todos

Ontem com o pessoal falando aqui dei uma pesquisada em entrevistas e livros de regras até pra ver se eu falei bogagem. De fato, não existe nenhuma regra explícita que esteja escrito “Não se pode usar Booster”. O que existe são artigos de regra que dizem que “Não se pode adicionar nenhuma substância a mais na composição da raquete além do previsto na regra de raquete”. Outra regra é a 2.4.7 que diz “not allow the racket covering to be changed in any way on purpose after it has been approved by the ITTF.” (ou seja, não mudar as propriedades do material uma vez que ele foi aprovado pela ITTF).

Indiretamente isso proíbe o uso de Booster pela regra. Porém, a entrevista do ex-presidente da ITTF Adham Shahara em 2009 ele fala que a ITTF vai fiscalizar devidamente os casos. Aos meus olhos não é o que acontece, viso o que foi retratado pelo Timo e pelos colegas aqui. Creio que se a ITTF não tem capacidade de fiscalizar (devido ao volume de raquetes usadas ou até mesmo pela capacidade dos óleos “driblarem” o ENEZ), não tem porque mesmo ela proibir o uso. Parece que a ITTF fala uma coisa e faz outra a respeito do assunto. Daí, os atletas que se veem em desvantagem tem que passar a usar isso (entrando aspecto ético). E, uma vez que velocidade faz muita diferença no alto nível, realmente os atletas precisam usar algo desde que a cola rápida foi banida.

Aqui segue a entrevista (na verdade uma troca de emails) com o Adham Shahara (ele fala rapidamente do aspecto ético dos Boosters):
http://www.ittf.com/stories/Forum_detail.asp?ID_Forumn=100&

E, por fim, um artigo da própria ITTF citando propriedades dos Boosters. Não precisa ler ele todo, mas se prestar atenção na Figura 3 no caso R6, a bola pulou cerca de 30 a 40% a mais com uso de óleo (o que prova aumento do efeito catapulta).
http://www.ittf.com/ittf_science/SSCenter/docs/Tsuji%20Y-1c_revised-OK.pdf

“não mudar as propriedades do material uma vez que ele foi aprovado pela ITTF”

O gozado é q se vem com booster de fábrica e foi aprovado pela ITTF daí pode.

Como havia citado antes, até parece q os mais interessados na proibição do booster, são os fabricantes, que assim uma borracha q era fabricada a 20 anos atras e era usada pelos tops custava X, o efeito da cola rápida deixava ela com as caracteristicas que os atletas queriam.

Hoje a mesma borracha de 20 anos atras ainda é fabricada, mas sem cola rapida acham que nao compensa usa-la, ela custa X, a nova borracha que fazem com propriedade pra parecer como se fosse a antiga com cola rapida, chegar a custar mais de 2X, e mesmo assim os atletas de alto nível, ainda usam booster pra chegar no desempenho das antigas com cola rápida.

Sim Kleber, realmente agora que pesquisei um pouco me parece um jogo de interesses mesmo.

“Ter” que jogar com algo mais caro ou mais barato é ilusório na minha opinião. Isso acontece de fato em nível profissional, mas não dá para julgar pelo prisma financeiro, pq mesmo que não haja patrocínio, a partir do momento em que se vive disso, não é um gasto, mas um investimento. O que cada parte ganha ou perde nisso é a lei de oferta e demanda, e ninguém pode crucificar os fabricantes por isso. Caso contrário, voltamos à hipótese onde vamos todos jogar com a mesma raquete para ter igualdade de condições.

Jogo de interesses? Talvez. E embora a defesa e negociação dos interesses mútuos seja necessária para a evolução, me parece muito mais simples que isso. Mais uma vez: as restrições e seus desdobramentos estão fazendo bem ou mal ao esporte?

A vida já é complicada o suficiente, então prefiro manter o foco em botar a bola na mesa hahahahahahaha.

Abraços!!!

Concordo com o Alcir, quem acha que tem que utilizar equipamento caro, repense seus conceitos porque está completamente enganado. Pelo contrário, se você quer ser competitivo (no nível amador) e não tem tempo para treinar muito e se adaptar ao material mais ofensivo (e mais caro) utilizado pelos atletas profissionais, talvez utilizar equipamento que te dê mais controle seja a atitude mais certa. Os fabricantes chineses podem atender bem. Tem equipamento de tudo quanto é tipo, a preços bem competitivos. Aliás, eles tem cópias de praticamente todas as raquetes dos principais fabricantes europeus e japoneses. Não é 100% igual, mas algumas são bem semelhantes e, ao invés de pagar 600 pilas em uma raquete porque é da marca “X”, você compra uma chinesa com a mesma constituição por 30-40 dólares e borrachas boas por 10-20 dólares. para quem não tem o hábito de importar material, como eu por exemplo, acha em sites aqui mesmo no Brasil.

Obs: não sei como é nas cidades onde vocês jogam, mas por aqui, tem muito cara usando um conjunto (raquete + 2 borrachas) de R$ 1.000,00 que não consegue colocar a bola na mesa.

Obs: não sei como é nas cidades onde vocês jogam, mas por aqui, tem muito cara usando um conjunto (raquete + 2 borrachas) de R$ 1.000,00 que não consegue colocar a bola na mesa.

LuizGustavo: as pessoas talvez pensem que a raquete vai jogar por elas. hehehe, brincadeiras a parte, acho que a raquete tem que evoluir junto com o jogador, lembro a alguns anos atras quando vim aqui no forum, pesquisar sobre raquetes, pois tinha feito a compra de uma raquete wakaba da butterfly, que não me servia pra nada, hehehehe, dai segui o conselho de algumas pessoas aqui do forum, e comprei uma raquete de 7 folhas all, e 2 borrachas macias, com o tempo e evolução fui sentindo necessidade de mais efeito e velocidade, foi dai que começei a colocar borrachas e raquetes mais velozes, de qualquer forma ainda estou longe de gastar 1000 reais num conjunto.

Só pra complementar o tópico, acabou de sair uma notícia a respeito disso no Uol, com o apoio da Folha se São Paulo, inclusive com um vídeo rápido de 1 minuto a respeito.

http://arte.folha.uol.com.br/esporte/2016/microcosmo/#texto8