materia copiada do site do Gilberto Scofield.
http://oglobo.globo.com/online/blogs/gilberto/
"Na sua incansável tentativa de tudo controlar, o governo da China anunciou que está preparando um banco de dados com nomes próprios a serem usados pelos pais chineses na hora de registar os filhos. Em vez de dar o nome que quer às crianças, os pais chineses terão que escolher a partir de uma lista predefinida (espero que enorme) de nomes.
Bao Shuxian, vice-diretor do Departamento de Segurança Pública, afirmou que a idéia é reduzir a incidência de caracteres que raramente são usados ou controlar os ímpetos criativos de alguns pais.
Pelo que eu posso perceber do dia-a-dia chinês, isso me parece a maior perda de tempo, dinheiro e mufa da História da China. É como se o país não tivesse coisa mais importante para fazer.
Para mim, o problema é justamente o contrário. A imensa maioria dos nomes chineses tem apenas dois caracteres. O primeiro é o nome de família - Wang, Gong, Li, Zhang, Wen, Hu, Ding, para ficar nos mais freqüentes - seguido do nome propriamente dito, sendo que estes muitas vezes possuem um significado. Para os homens, é comum encontrar nomes como Qiang (forte), Ling/Bo (esperto), Zhi/Cong (maduro). Para meninas, Mei (bela), Xiao (pequena), Jing (quieta) e por aí vai.
Mas acontece que os chineses podem ser tudo, mas não chegam a ser exatamente um povo criativo, apesar de terem descoberto a pólvora, o macarrão, blá, blá, blá. Séculos de forte hierarquia confuciana e décadas de tirania comunista podem explicar isso facilmente. Há quem diga que está aí a razão pela qual os chineses são ótimos para copiar coisas. Mas isso é outro post.
O fato é que os nomes são muito parecidos na China, o que significa que eu já devo ter conhecido trocentas Gong Xiao, por exemplo. Ou Zhang Mei. Para vcs terem uma idéia, só em Pequim tem 100 mil Wang Tao.
Por que, então, a necessidade de um banco de dados diante de uma mesmice dessas? Eis a pérola de resposta de Bao Suxian:
“Para evitar nomes parecidos, os pais recorrem ao gigantesco Dicionário Kang Hsi, que lista 50 mil caracteres, enquanto apenas 30 mil caracteres correspondem a 90% dos usados nas conversas e textos em chinês. Alguns caracteres não são sequer reconhecíveis por computadores.”
Ou seja, para evitar o uso de caracteres raros - o que eu acredito que seja a exceção, não a regra - a China vai obrigar a maioria da sua população a ter mais ou menos os mesmos nomes.
Num pode…
Este país é uma surpresa diária. E bom findi para todos."