Jogo vencido!

Os chineses são famosos por, às vezes, escolherem o vencedor de jogos entre chineses, mesmo em mundiais, e, imagino, a maioria das pessoas desaprova essa prática. Mas e se esse tipo de combinação fosse interessante para o tênis de mesa brasileiro, vocês aprovariam que um jogador ‘desse’ a partida ao outro?! Só para citar um caso que bem poderia ter virado realidade, na etapa brasileira do circuito mundial junior do ano passado, Tsuboi (já classificado para a Grande Final) perdeu para Apolônia. Cazuo precisaver ir bem na competição para poder alcançar a GF. Se a final tivesse sido brasileira, vocês apoiariam que o Tsuboi ‘desse’ a partida para o Cazuo para que dois brasileiros fossem à Grande Final do Circuito Mundial Juvenil?!?!

Abraços aos amigos do canal, Latour.

Isto é anti-ético. E se existe uma razão principal para que exista o esporte entre os homens de boa vontade, esta razão é o cultivo da ética. Fora isso, a guerra faz mais sentido.

aqui na nossa cidade ja aconteceu isso, mas naum comigo…
com um amigo meu q pediu pra um cara bem mais forte, da nossa mesma equipe, para os dois se classificarem e tirarem um outro da nossa mesma equipe, mas de muito mais idade do q os outros dois…
ai a pontuaçao final ficou: bom - 6 pts
ruinzao-6 pts
veio-6pts…
e os cara programaram ateh o n. de sets para eles se classificarem…acho isso um idiotice, pq o pior ai q se classifico foi eleiminado logo na outra fase…
acho q o melhor, o q treino mais, o q tem mais capacidade eh o q deve vencer, naum atraves de combinaçoes anti-desportivas.

Achei muito feliz a definição de esporte como exercício ético. Também acho que isso nunca aconteceria com os jogadores brasileiros (só os usei como exemplo e provocação). No mais, é interessante ver como alguns maus exemplos se multiplicam, obrigado por colaborarem com o forum!!!

Também concordo que essa é uma atitude que fere a ética.

Mas é importante observarmos outra situação. Imaginem que realmente houvesse uma final entre o Tsuboi e o Matsumoto que para o Tsuboi não valesse tanto, mas para o Cazuo era uma chance de classificação (como no exemplo apresentado).

Provavelmente o Cazuo estaria determinado a vencer, pois pra ele é um jogo importante. E como para o Gustavo o jogo não é tão decisivo, o seu rendimento pode cair.

Toda essa situação pode culminar numa vitória fácil do Cazuo, principalmente pq o Gustavo não jogaria tão bem. Nessa situação houve apenas uma desmotivação “natural”. É algo que pode acontecer.

Porém, realmente, quando o jogo é “entregue” de forma deliberada, não é uma situação agradável de observar.

De fato, perder um jogo de tenis de mesa eh muito facil. Basta nao estar “motivado”. Mas eu digo, a ética eh uma experiencia interior que, ou se realiza de maneira absoluta, ou nao se realiza.

Eh mais etico aceitar 1% de “comissao” do que 10%, em um negocio ilicito?

Os romanos antigos usavam um termo “MINIMA MORALIA” (“moralidade mínima” ou até “ética mínima”) para justificar toda a corrupção que poderia haver nas disputas políticas e no conflito de interesses (quaisquer que fossem). No entanto, a Ética, entendida como tal, não admite adjetivos: nem mínima nem máxima. Ela é simplesmente ÉTICA, ou se a tem ou se a pratica ou não se a tem !
Claro que a visão “romana” era aquela de domínio: a da maximização do poder, do controle, da influência, da riqueza, em última instância, da glória ! Até no esporte manipulavam alguns resultados. Mas o esporte não era para os fracos, daí o lema CITIUS ALTIUS FORTIUS (os mais velozes, os mais altos, os mais fortes), que indicava aos aspirantes a atleta as virtudes necessárias ao desporto. Porém este mesmo desporto, apesar de algumas tantas manipulações em jogos, vinha a constituiur-se no que de mais íntegro possuia a sociedade romana: pois para ser atleta era preciso aperfeiçoar a força, potencializar a velocidade, bem utilizar o porte físico; treinar, treinar e treinar (independentemente da origem social) para tornar-se o melhor em alguma modalidade. Era a área de mais meritocracia daquela sociedade ! Ou o fulano era bom ou não era e ponto final !

O que é ético para mim, pode não ser para vc.
Para os chineses, mais importante que a ética “individualista” (pessoal) é a ética da pátria, onde o conjunto tem sempre que ser superior ao individual.
Para eles, talvez seja muito mais natural que para nós.
Não sou a favor. Somente temos que nos colocar dentro do contexto cultural para avaliarmos de maneira certa.

CADUPA, concordo em relação ao contexto cultural: o conjunto sempre acima de individualismos. Isto, porém, ficou na antiga filosofia chinesa de Lao Tse e até no melhor ideário comunista de outra era.
Porém, na China de 2004 isto é coisa do passado ! Hoje, como em qualquer outra sociedade, vc pode observar um grupo dominante, no caso, a “elite” dirigente do PC chinês. Todos os políticos influentes na China possuem sociedades ou são acionistas de grandes corporações que faturam bilhões de dólares em cima do trabalho escravo do proletariado chinês. Lá, hoje, nem Marx acreditaria no que está acontecendo; ou seja, os neguinhos querem mais é ficar milionários (contas pessoais, eu disse pessoais, com milhões de dólares, na China e no exterior). A ética na China morreu faz tempo, é um dos países, atualmente, com o maior desrespeito aos direitos humanos e ao meio ambiente. A Corrupção come solta ! E não seria diferente no esporte: eles querem resultados sim, como qualquer país deseja: vitória e, se possível, em todas as categorias. E investem pesado, primeiro porque tem dinheiro para isto e, segundo, porque o Table Tennis é o futebol deles, a pressão popular é muito grande e tal. Table Tennis de resultados, eh eh eh ! Não existe nenhuma ingenuidade nisto: é um negócio, é bom para a imagem do país, é bom para as massas, é bom para as indústrias fabricantes de material de TT. Ou seja, não é mais contexto cultural, não tem nada mais de filsosofia chinesa, de honra, de ética, de poetas chineses do passado, de respeito pelas tradições… Há muitos interesses envolvidos… Precisamos perder este respeito pelos chineses neste sentido, é gente como outra qualquer: se tivermos dinheiro, vontade, interesse e um dia conseguirmos massificar este esporte, poderemos chegar lá e também mexermos nossos pauzinhos para finais brasileiras em campeonatos de tradição internacional. Falei muito … ?

augustocezar, você critica e depois sugere que façamos o mesmo?!

Augusto, não falou muito de modo algum. E acho que escreveu com muita propriedade.
O que eu tentei passar no meu comentário é a velha e infinita questão da ética. O que é, exatamente, ética?
Uma criança que nasce em um morro onde tudo o que ela aprende é lutar (no sentido da porrada, mesmo) e é totalmente discriminada pelo resto da sociedade, vai fazer o quê no resto da vida? Dar porrada. E isso é ético para ela? Acho que é.
Mas a sua colocação é totalmente válida e coerente.

Fico feliz que a conversa tenha desdobrado dessa forma, mas fico ao mesmo tempo insatisfeito. Para resumir o que penso, devo dizer, antes de tudo, que a descrição do augustocezar não é lá tão apurada e que a China é um país muito mais diverso e promissor do que os fascismos do século passado, e seus desafios são desafios do resto do mundo, também. Mas ele tem o mérito de deixar muito claro a SUA própria hierarquia de valores, que, evidentemente, desaprova aquele governo. Quanto à opinião do cadupa, ela é, no mínimo, simplista. Pela seguinte razão: o relativismo moral não é, ele mesmo, uma POSIÇÃO ÉTICA, mas uma posição SOBRE a ética, e, portanto, pode inspirar toda forma de atitude moral, desde a tolerância e não-intervenção ao ceticismo e niilismo. E, mais importante, ele representa um escorregão do RELATIVISMO DESCRITIVO, que é exatamente o que você descreveu, ou seja, que atitudes éticas muito diferentes (a do favelado, do chinês, do alemão) encontram-se enraizadas em tradições culturais muito diferentes. Mas isso não significa que devemos a tudo perdoar, ao contrário, penso que o comportamento ético não é medido só por teoria ou tradição cultural, mas também pela orientação da vontade do indivíduo; por isso mesmo, até aqueles que não percebem em teoria ou negam a moral podem ESCOLHER o agir ético quando outro ser humano entra em cena. O esporte é um excelente exemplo disso e um espaço privilegiado para o cultivo da ética (não em relação à tradição, mas ao Outro com quem lidamos diretamente). No mais, concordo que se não for assim, a guerra faz mais sentido.

Nossa gente…!!!
Só tava querendo expressar uma humilde opinião!!!
Da próxima vez pego um bom livro do Kotler para tentar não ser tão simplista.
E querem saber mais? Acho que, em prol de um resultado positivo para a equipe, para o conjunto, e para o próprio jogador, entregar um ou outro jogo é válido.
É isso…

Não precisa recorrer aos livros, basta ser sincero. E obrigado por expressar alguma opinião!

Senhores… não importa o teor acadêmico das respostas na minha opnião e sim se ela “passa seu recado”… bem… mas vim discutir (no bom sentido) aqui com os senhores… que sob minha visão… os senhores deviam parar de discutir sobre ética… e sim sobre a moral… pois a ética vem do ethos = comportamento, não interessa se ele é bom (moral) ou mal (imoral ou amoral, para as leis sociais, juridicas e sua realidade em que a sociedade da qual falamos esta inserida)

Ou seja… se seu der um soco na cara do meu vizinho… é totalmente ético… é imoral perante a nossa sociedade… mas… totalmente ético… ou seja não existe a palavra anti-ético… essa palavra foi criada para facilitar (de forma errônea) a nossa simples vida aqui nesta terra…

E creio que não posso dar uma opnião concreta sobre este tópico por não conhecer a cultura chinesa, a importância do esporte lá, mas, me critiquem no que quiserem pois está é minha opnião pessoal, no TM é um jogo de cavalheiros, estamos cansados de ver jogadores profissionais (incluindo chineses) que entregam um ponto para seu adversário para que ele não perca de zero… eu me apego a esses exemplos de espírito esportivo e tento tornar todo o jogo que eu jogo o mais justo possível… não aceito a gambiarra chinesa… já que teoricamente o que eles fazem é ÉTICO, mais para nossa cultura totalmente inaceitável (IMORAL)…
espero não ter falado muito e não ter atrapalhado ninguém… e por favor não estou tentando corrigir ninguém… sem ressentimento…

Valeu :smiley:

Latour, perdoe-me pela ausência de uma semana aproximadamente (fiquei sem acesso durante este período). Vc tem razão em relação à China: não podemos simplificar tanto um país com mais de um bilhão de habitantes: a “elite” dirigente não pode ser confundida com toda uma população (e aqui no Brasil a gente sabe bem o que significa isto). Porém, acho super válido este fórum pq é um debate de verdade e aprendemos muito com todas as informações e opiniões que são colocadas.
Alguém poderia me dizer quem é ou foi Kotler ? Com toda minha vã ignorância nunca ouvi falar ! Um abraço !