Dúvida: Estilo de jogo dos Alunos/Jogadores

Olá amigos,

Novamente eu venho com uma dúvida.

Por exemplo, em uma academia de Tênis de Mesa, entram algumas crianças para treinar. Primeira questão:

O técnico deve apresentar todas as possibilidades de empunhadura (essa acho que sei a resposta :smiley: )? E se o técnico tem mais afinidade com a empunhadura clássica por exemplo, como se manter “neutro” na escolha do aluno? Ou ele não deve se manter neutro, já que tem mais domínio sobra aquela empunhadura?

Então o tempo vai passando e o aluno começa a evoluir e a conhecer outros estilos de jogo como o Kato, e demonstra que deseja jogar naquele estilo (ou qualquer outro não “convencional”), ou até mesmo querer usar outros tipos de materiais como anti-spin. Ai o treinador vê que o aluno não tem aptidão pra jogar assim. Questão dois:

Como o técnico deve proceder? Ou não existe esse negócio de aptidão pra cada tipo de jogo?

Terceira e ultima dúvida:

O técnico deve impor (ficou meio forte essa palavra) seu estilo de ensinar? Assim, pq quando eu vou em campeonatos, na maioria dos casos, existe um padrão de jogo em grupos de atletas (principalmente entre os mais novos) do mesmo técnico.

Um dia vou ser técnica (já que jogadora tá dificil hahaha) e gostaria da ajuda e opinião de vocês (sei que tem vários técnicos que participam aqui), para eu ir formando a minha.

Obrigada!

Perguntas interessantes…
Estou em início de carreira ainda, reconheço que tenho muito a aprender, mas vou pensar a respeito (cheguei agora do treino) e comento aqui algo na esperança que seja útil… :wink:

[]´s!

[quote=“No-chan”:l8bse654] Primeira questão:
O técnico deve apresentar todas as possibilidades de empunhadura (essa acho que sei a resposta :smiley: )? E se o técnico tem mais afinidade com a empunhadura clássica por exemplo, como se manter “neutro” na escolha do aluno? Ou ele não deve se manter neutro, já que tem mais domínio sobra aquela empunhadura?

Então o tempo vai passando e o aluno começa a evoluir e a conhecer outros estilos de jogo como o Kato, e demonstra que deseja jogar naquele estilo (ou qualquer outro não “convencional”), ou até mesmo querer usar outros tipos de materiais como anti-spin. Ai o treinador vê que o aluno não tem aptidão pra jogar assim. Questão dois:

Como o técnico deve proceder? Ou não existe esse negócio de aptidão pra cada tipo de jogo?

Terceira e ultima dúvida:
O técnico deve impor (ficou meio forte essa palavra) seu estilo de ensinar? Assim, pq quando eu vou em campeonatos, na maioria dos casos, existe um padrão de jogo em grupos de atletas (principalmente entre os mais novos) do mesmo técnico.

Um dia vou ser técnica (já que jogadora tá dificil hahaha) e gostaria da ajuda e opinião de vocês (sei que tem vários técnicos que participam aqui), para eu ir formando a minha.

Obrigada![/quote]
Boas perguntas. Interessantes.
1.a) Parece adequado apresentar todas as empunhaduras e os estilos. Imagine se você fosse teólogo e conhecesse todas as religiões. Seria melhor apresentar todas as religiões aos alunos ou apresentar apenas aquela na qual tem mais afinidade?
1.b) Para ser neutro a pessoa tem q exercitar seu senso de imparcialidade. É mto pessoal, Não tem outro jeito.
1.c) No caso de a pessoa ensinar um método pq só domina este tipo é o mesmo q alimentar um carnívoro com vegetais com o álibi de possuir plantações de vegetais. O carnívoro sobrevive, mas poderia render mais se fosse alimentado de outra maneira.
2.a) Eu acho q não há resposta absoluta se deve ou não intervir porque por vezes o técnico consegue saber o que é melhor para o atleta e outras que ele não conhece melhor o atleta e o que é melhor para ele do que o próprio jogador. As únicas certezas é que tem que rolar comunicação entre atletas e técnico e humildade de ambas as partes para se esforçarem mais em estudar o que seria o melhor p/ o jogador
2.b) Existe sim aptidão.
3. Não ficou 100% claro a perg p/ mim. Se estiver se referindo à mecânica dos golpes, eu acho que na maioria dos casos pode ser ensinado de forma generalizada. Entretanto, se estiver se referindo ao sistema de jogo de cada um, minha resp é que não deve ser generalizado.

Boa noite No-chan!!!
Eu não sou técnico, mas se vc achar que vale a pena levar em conta, aí vai a minha perspectiva.
Claro que o técnico tem o dever de apresentar todas as empunhaduras e estilos aos alunos, e tem o dever de orientar a escolha de maneira imparcial, o que é questão de postura. Parte desta orientação tb inclui recomendar um estilo que se adapte melhor às habilidades e biotipo do aluno, mas no final a escolha sempre tem que ser 100% do aluno. Mesmo assim, sabemos que existe uma tendência de escolha do aluno para o que ele está acostumado a ver dos colegas de nível mais alto e do próprio professor, quando começamos isto influencia muito. De qualquer forma, o técnico de verdade precisa ter condições para treinar um jogador de outra empunhadura ou estilo, ainda que domine melhor um determinado, o que é natural.
Quanto às mudanças no meio do caminho, o técnico deve se manter na postura consultiva tb. O atleta pode (e acho que até deve) experimentar tudo o que quiser, mas deve ser conscientizado de que precisa de constância se tiver objetivo de melhorar continuamente, o que não se consegue mudando de estilo frequentemente. E quanto à aptidão, na minha opinião ela existe sim, mas como eu repito, a escolha sempre deve ser do aluno, certa ou errada (se é que se pode classificar).
No referente ao método de ensino, acho que o técnico deve sim impor o mesmo. Uma vez que vc decide treinar com uma pessoa, é pq vc acredita no trabalho que ela pode fazer (o que este técnico pode agregar a vc) através de seus métodos, então para mim não há razão para ser diferente.
Generalizando a minha perspectiva, o treinador (que é um pouco diferente do técnico na verdade e é de quem estamos falando agora) deve ser um grande consultor na minha opinião, mas a decisão final é sempre do atleta. Claro que tem coisas que são mais “mandatórias”, como os fundamentos, mas do resto a função é dar a sua opinião, apresentar todo o cenário e alternativas, deixando a escolha para o atleta. Se o mesmo for um pouquinho inteligente, vai (geralmente, pq o atleta tem que ter personalidade tb) seguir as orientações do técnico, afinal pq eu ia pagar um cara para me orientar e não seguir estar orientações? Mas uma coisa que é importante ser dita, é que eu estou me baseando num ambiente mais amador, pq na ocasião de uma atuação mais profissional, o atleta tem simplesmente que fazer o que o técnico manda e pronto, já que aí os objetivos são outros.
Espero ter ajudado e fico à disposição para demais dúvidas, se vc achar que vale a pena hahahahahaah.
Abraços!!!

ai vc tem q ter duas visoes, eh treino de escolinha ou treino elite?
na escolinha eh um negocio mais tranquilo, nao se cobra rendimento, o atleta pode escolher oq kiser, nao tem obrigação de jogar bem. provavelmente o tecnico nem vai precisar apresentar todas as possibilidades para os atletas, hj em dia td mundo axa de td na internet, vai escolher oq kiser, no outro caso eh o tecnico indicar um estilo mais adequado para o atleta, o classico por exemplo serve pra quase todos biotipos, mas caneteiro com 2 metros de altura eh uma complicação.
qto a impor o estilo, axo q nao acontece de forma intencional, mas td mundo tem uma caracteristica e qdo vc ensina, naturalmente vai passar para os alunos o jeito q vc faz, logo eles copiam e fica parecido, outra coisa, se o tecnico eh caneta os alunos por olharem para ele como referencia acabam adotando o estilo.

ja treino de alto rendimento são outros kinhentos

Oi :slight_smile:

Kyo, quando escrevi tinha em mente os dois. Pela imagem que tenho dos meus jogos por exemplo, jogando contra as meninas de uma cidade aqui da região e parando pra observar, todas tem o mesmo jeito de jogar (tanto nos golpes quanto na mecânica de jogo, com poucas diferenças). Gostam do jogo mais corrido com bolas pesadas e tem movimentos de golpes com bastante movimento, abertos (só uma que tem os movimentos “menores”). Até as dificuldades são praticamente as mesmas.

Opa Alcir, quanto mais, melhor! Estou lendo todas as respostas com muita atenção.

Quando citei “aptidão”, quis dizer isso.

[quote=“Alcir”:25se2135]No referente ao método de ensino, acho que o técnico deve sim impor o mesmo. Uma vez que vc decide treinar com uma pessoa, é pq vc acredita no trabalho que ela pode fazer (o que este técnico pode agregar a vc) através de seus métodos, então para mim não há razão para ser diferente.
Generalizando a minha perspectiva, o treinador (que é um pouco diferente do técnico na verdade e é de quem estamos falando agora) deve ser um grande consultor na minha opinião, mas a decisão final é sempre do atleta. Claro que tem coisas que são mais “mandatórias”, como os fundamentos, mas do resto a função é dar a sua opinião, apresentar todo o cenário e alternativas, deixando a escolha para o atleta.[/quote]

Legal. Eu tenho muitas dúvidas em relação a isso, pq nunca vi alguém questionando as escolhas aqui. Primeiro pq o podemos dividir o pessoal daqui em: As crianças (iniciantes em geral) e o pessoal que ja treinava e jogava, que já está com o estilo jogo estabelecido (escolha de estilo, empunhadura e materiais). O primeiro grupo ainda é “inexperiente” e meio que não questionam nada ainda. Mas temos 3 que não fazem parte nem de um nem de outro (eu sou um deles).
Depois de quase um ano de treino com ela, me sugeriu usar pino (ela tb usa), mas deixando a possibilidade de eu voltar para lisa, ai gostei e jogo até hj. Uma unica questão de divergimos é em relação a eu usar tenergy. Isso nem deu ouvidos mais (espero que ela tb não leia hahaha) pq sinto que foi a borracha que mais me adaptei, mas na opnião dela eu jogava melhor com a Bryce Speed e eu realmente acho o contrario. Essa é a questão. Aqui ninguém força o outro a nada, mas tb não há uma contestação por parte de mais ninguém a respeito de outras técnicas (eu gosto de perguntar bastante, mas nunca tive interesse em tentar algo como jogar caneta ou kato pra termos uma discussão sobre se deveria ou não mudar).

[quote=“DarkStalker”:25se2135]ai vc tem q ter duas visoes, eh treino de escolinha ou treino elite?
na escolinha eh um negocio mais tranquilo, nao se cobra rendimento, o atleta pode escolher oq kiser, nao tem obrigação de jogar bem. provavelmente o tecnico nem vai precisar apresentar todas as possibilidades para os atletas, hj em dia td mundo axa de td na internet, vai escolher oq kiser, no outro caso eh o tecnico indicar um estilo mais adequado para o atleta, o classico por exemplo serve pra quase todos biotipos, mas caneteiro com 2 metros de altura eh uma complicação.

ja treino de alto rendimento são outros kinhentos[/quote]

Muito, muito interessante!

Acho que realmente quando eu pensava em treino, não distinguia os objetivos de cada faze. Mais ou menos como a escolinha o aluno ja ter que ir mostrando algum resultado, e que cada troca de estilo seria como uma perda de tempo. Mas lendo seu post, realmente… uma coisa tão simples de entender, mas estava dificil de enxergar.

Mas me fez pensar em uma coisa. No paulista por exemplo. Tem um menininho japones do ITAIM que joga caneta (é do pré-mirim), o menino manda muito bem pra idade, tem uma técninca que nunca vi um “mulekinho” tão pequeno ter, quando eu vi a primeira coisa que eu pensei foi: joga melhor que muitoadulto por ai xD. Ai a dúvida: Ele está na faze de escolinha ou já passou pra algum outro nivel?

[quote=“No-chan”:14cw6zeh]Olá amigos, Novamente eu venho com uma dúvida.
Por exemplo, em uma academia de Tênis de Mesa, entram algumas crianças para treinar. Primeira questão:
O técnico deve apresentar todas as possibilidades de empunhadura (essa acho que sei a resposta :smiley: )? E se o técnico tem mais afinidade com a empunhadura clássica por exemplo, como se manter “neutro” na escolha do aluno? Ou ele não deve se manter neutro, já que tem mais domínio sobra aquela empunhadura?..[/quote]
Well…
Eu apresento sim todos os estilos, mas isso de acordo com o interesse do aluno…Do perfil dele…
No cenário que vc colocou, é de crianças, nesse caso, num primeiro momento faria uns “testes” em qual ela se identifica e tem mais facilidade, não “forçaria barra” pra que ela seja clássica (meu caso como jogador)…

Isso acontece logo de cara com alunos de mais idade, logo no primeiro dia de treino chegam com vaaaaaaaaaaarias perguntas sobre materiais, estilos de jogo…
Daí tento ser o mais esclarecedor possível e nao desanimador, tendo em vista a infinidade de combinações de material, e que TODOS os estilos tem pontos fortes e fracos.
Em certos casos conto minha historia no esporte, que iniciei caneteiro, treinei por meses o bendito shoto caneta (na época era meu lado mais fraco) e por influencia do técnico na época me testei treinar um estilo novo, do zero, daí virei classista. No meu caso deu certo, eu acho ne…rs

[quote=“No-chan”:14cw6zeh]…Terceira e ultima dúvida:
O técnico deve impor (ficou meio forte essa palavra) seu estilo de ensinar? Assim, pq quando eu vou em campeonatos, na maioria dos casos, existe um padrão de jogo em grupos de atletas (principalmente entre os mais novos) do mesmo técnico.[/quote]
Nessa questão de influência, quem treina com a gente lá no CT não tem do que reclamar: Eu fico de sparring tanto de classico como caneteiro, takemura mesmo com Amultart (sim, ele agora usa frenética) manda uns catos usando tenergy, a D. Hideco usa pino no back (já usou antispin por um tempo) e o Fabio é caneta quadrada ofensivo, ou seja, tem boas influencias de vários estilos, cabe aos alunos escolherem que caminho querem seguir, somos apenas orientadores…

Infelizmente nem sempre é possivel pra os alunos terem contato com estilos diferentes vindo de seus “mestres”, ficando apenas a referencia em vídeos dos tops mundiais (já que elogiar técnico de outro clube seria no mínimo estranho ne…rs)

Uma palavra acho que resume essa questão: Recurso.
O técnico mesmo sendo caneteiro, tem q ter recurso técnico pra passar ao seu aluno cateiro como fazer certo, o técnico clássico ensinar ao seu aluno caneteiro como dar um revés, um técnico caneteiro pegar uma Dr. Neubauer e bloquear plantado na mesa usando um antispin… E ainda que não tenha recurso pra fazer indo pra mesa, tem q saber como se faz.

[]´s

Cada clube tem seu esquema pra mensurar o nível de cada um e adaptar o esquema de treinos…
Uma certeza eu tenho, nessa idade, já jogando tao bem no estilo, com certeza ele nao joga caneteiro “forçadamente” ou com tristeza no coração querendo ser clássico…rsss…

Perdoe-me a intromissão…rs… Mas comentando…rs
No quesito mecanica, creio que novamente entra a palavra mágica: Recurso.
Vamos citar o shoto clássico chinês, comparado ao europeu, comparado mais especificamente ao sueco, ou mais ainda ao Timo Boll ou ao KongLinghui… Todos eles são “certos”, todos tem vantagens e desvantagens… Tem um “mais certo?” Pode até ser que sim, mas dentre todas essas variações de back curto, tem o jeito que seu futuro aluno vai aprender mais rápido e será mais regular.
Eu costumo dizer que a técnica não existe pra “encaixotar” as pessoas em certo e errado, o técnico nao existe pra se criar cópias de Liqin ou MaLongs… Mas como o técnico sabe dos porquês de cada detalhe em certo movimento, ele tem que adaptar a eficiencia do que se foi desenvolvido ao longo dos anos na evolução do nosso amado esporte, com a individualidade do seu aluno.
Exemplo? Só lembrar aquele pingpongueiro que faz movimento todo tosco mas que ganha de vários “robozinhos xerocopias da escola tradicional mesatenística”… Nessa hora te pergunto, quem tá certo?..rs

[]´s

[quote=“No-chan”:pmdt8es9]Oi :slight_smile:
Muito, muito interessante!

Acho que realmente quando eu pensava em treino, não distinguia os objetivos de cada faze. Mais ou menos como a escolinha o aluno ja ter que ir mostrando algum resultado, e que cada troca de estilo seria como uma perda de tempo. Mas lendo seu post, realmente… uma coisa tão simples de entender, mas estava dificil de enxergar.

Mas me fez pensar em uma coisa. No paulista por exemplo. Tem um menininho japones do ITAIM que joga caneta (é do pré-mirim), o menino manda muito bem pra idade, tem uma técninca que nunca vi um “mulekinho” tão pequeno ter, quando eu vi a primeira coisa que eu pensei foi: joga melhor que muitoadulto por ai xD. Ai a dúvida: Ele está na faze de escolinha ou já passou pra algum outro nivel?[/quote]

então o fato de ser escolinha ou elite, não se trata exatamente de uma fase, eh um tipo especifico de treino, vc ker ser um cara competitivo e jogar federação de igual pros outros, vc tem q treinar todo dia e uma quantidade maior de horas/aula. voce gosta do esporte, joga por lazer ou nao tem mto tempo disponivel, vc treina de noite em turma grande, escolinha.
oq eu axo q vc tah confundindo é que da pra ter os dois treinos ao msm tempo, não da, turmas e objetivos mto distintos.

Interessante a discussão, pois a primeira impressão fará o aluno continuar na modalidade ou não. Normalmente devemos fazer o aluno gostar do esporte para depois exigir algum rendimento e isso é válido até para adultos iniciantes. Mas existem casos de personalidades extremamente competitivas que o próprio aluno já questiona muito, já quer saber o que deve ser feito para vencer os adversários e, nestes casos é interessante focar em informação e técnica.

1- Falando de possibilidades de empunhadura
1.1 - Se é uma escolinha, as crianças entre 9-12 anos normalmente querem saber como segura a raquete o campeão mundial, o campeão olímpico, o n1 do mundo. Sim, elas perguntam isso, digo por experiência própria. Neste caso, eu sempre ensino o jeito clássico e o caneta de segurar a raquete, e ainda peço para que os alunos que já seguram clássico ou caneta (também envolve o classineta), ajudem os outros a empunhar a raquete.
As crianças com 6-8 anos normalmente tendem a imitar você, pelo menos é o que ocorre. Na primeira aula eu demonstrei as maneiras de segurar a raquete e todos dessa faixa etária ficaram em dúvida, decidindo-se pelo modo de segurar imitando um colega mais velho ou imitando o professor.

  • Logo, se é uma escolinha com crianças de até 11, 12 anos, eu permitiria que elas escolhessem suas empunhaduras mas forneceria dicas e explicaria com uma linguagem adequada para a faixa etária o motivo de segurar a raquete de tal maneira. Outra coisa interessante, nem sempre uma criança de 10 anos entende sua linguagem, mas a de 7 anos entendeu, ou seja, a criança de 7 anos provavelmente tem mais estímulos do ambiente e consegue desenvolver melhor nessa questão, comprende melhor.
    . O que eu faço: se eu percebo que a criança não consegue ter coordenação mínima pra rebater segurando caneta, eu tento recomendá-la que jogue como clássico, e vice-versa.
    . Outra coisa, eu também incentivo que as crianças em algumas brincadeiras que faço utilizem a mão não-dominante (esquerda para os destros e direita para os canhotos). Muitas literaturas trazem que se quanto maior o número de atividades diferentes, melhor para o desenvolvimento da coordenação geral e do raciocinio. Ao me questionarem sobre a empunhadura dos grandes campeões, eu digo que: o n1 do mundo é clássico, o campeao mundial é classineta e o campeão olímpico é caneta redonda. Desta maneira você torna-se mais imparcial na escolha.
    . Além de levar em consideração a coordenação da criança pra rebater em determinado estilo, eu levo em consideração o seu biotipo, como foi comentado. Se a criança tem dificuldades de se movimentar, eu utilizarei atividades em que elas possam correr, saltar, desviar, agachar, rolar, pular, além de combinar pular com rolar e outras atividades. Estes tipos de circuitos são muito benéficos no aprendizado.
    . Um dos alunos da escolinha com 7 anos, não conseguia nem acertar a bola, segurando clássico. Como a maioria da escolinha segura clássico, ele se recusava a segurar caneta. Um dia eu resolvi jogar com eles jogando caneta, e ele só de observar mudou. A partir daí ele já começou a rebater bolas sem furar.
    Pelo que eu aprendi e leio sempre, você jamais deve pensar em alto rendimento para uma criança. Ela deve passar por atividades que possibilitem melhorar todo o repertório motor e cognitivo e desta maneira, ela terá mais chances de obter sucesso em qualquer esporte. É interessante você estudar as fases de desenvolvimento da criança e alguns autores que trabalharam muito com elas foram Piaget, Vygotsky, Wallon e até Freud. É difícil extrair a teoria deles para a prática, mas é possível. Depois de conhecer um pouco sobre eles, pude me situar melhor para lidar com crianças entre 6 e 12 anos no tênis de mesa.

1.2- Agora, se não é escolinha, é seu clube. VocÊ deve saber os objetivos da pessoa. Lazer? Perda calórica? Quer ser um grande mesatenista como o pai ou irmão? Baseado nestes objetivos você pode interferir ou nao na escolha da empunhadura.

Em alunos iniciantes eu faria testes, peço que a pessoa rebata utilizando caneta 20-30min, depois clássico 20-30min, classineta um tempo também, fornecendo algumas dicas básicas para cada estilo. Ao término da aula apenas perguntaria a ela qual empunhadura mais gostou e então daria meu parecer sobre a eficiência em cada um.

Se com o tempo a empunhadura escolhido pelo atuno não progredisse como esperado por ele, eu recomendaria sim trocar de empunhadura. Devem ser realizados testes no começo e até mesmo depois de um tempo. Tem aluno que mesmo treinando clássico 6 meses, prefere jogar caneta e se sente bem com isso, evoluindo rápido.

Mesmo que eu conheça mais o estilo clássico, nada me impede de estudar as outras empunhaduras para ensinar o aluno, não é? E vocÊ pode até aprender com as reclamações e sugestões do aluno. Qual modo de segurar libera mais o pulso, qual dói mais a mão, qual é pior pra bloqueio, etc.

2- Estilos de jogo
Inicialmente você falou de empunhaduras e agora de estilos.
Eu acredito que: o estilo de jogo tem relação com a personalidade da pessoa.
Existem exceções, mas penso que um kateiro deve ser uma pessoa paciente, pelo menos na hora de jogar. Se ela é daquele estilo bem tradicional de devolver muitas bolas e atacar pouco, ela terá sucesso sem paciÊncia, querendo definir rápido?
Então, se você conhecer bem a personalidade do aluno pode ser que vocÊ saiba indicar melhor um caminho a ser seguido.
Esta discussão tem relação com o estudo que estou fazendo sobre nível de ativação e sua regulação, que daqui alguns meses devo publicar algo.
Quando eu comecei a jogar, usava duas lisas. Então vi meu técnico utilizando pino longo sem esponja no back e ganhando de muita gente sem muito esforço. Pedi que me ensinasse a usar o pino e a primeira coisa que ele disse: nao reclame daqui alguns anos se você nao se sobressair.
É uma questão de adaptação. Não custa nada testar o pino no seu aluno, o anti-spin.
A verdade é que no top10 realmente kateiro sofre e antispin não existe. Mas e se o aluno só quiser resultados nacionais, será que não é possível na realidade brasileira ser um bom kateiro ou saber usar anti spin ou pino curto?
Hoje eu jogo com borracha mas testei varios tipos de pino. Eu acredito que o tempo que utilizei pinos me serviu para ter maior noção de como jogar contra eles e isso é interessante para a performance.
Existe aptidão pra cada jogo levando em consideração o biotipo e na minha opinião, a personalidade também influencia.
Um cara extremamente ansioso, nervoso, se não souber regular seu estado emocional, deve jogar em qual estilo? Um que ele deve correr riscos pra finalizar os pontos ou um estilo que ele deve jogar visando colocação da bola, efeito, etc?
Eu acredito que se mais estudos forem feitos envolvendo a personalidade e o estilo de jogo muita correlação será encontrada.
Concluindo, eu faria vários testes ao longo do tempo, e só depois de obter uma certificação por parte do aluno, ou seja, ele afirmou pra vocÊ que aquele estilo ele gosta, se sente a vontade, quer jogar daquele jeito, daí não mudaria mais.
Apesar de que, sabe-se que muitos atletas ofensivos eventualmente brincam de dar katos, jogam com a mão contrária, são clássicos e brincam de jogar caneta. Pra mim essas variações são positivas em QUALQUER nível desde que não atrapalhem uma periodização previamente estabelecida.

3- Em relação a imposição do estilo de ensino
É complicado falar sobre isso, porque naturalmente os atletas do mesmo clube podem acabar apresentando as mesmas falhas. Isso é até interessante pois se algo torna-se visível, torna-se mais fácil de corrigir.
Eu não acredito que o técnico deva impor o estilo.
Como foi falado, o estilo de jogar envolvendo a mecânica dos golpes e a tática de jogo.

Existe uma mecânica padrão para os golpes, mas compare o drive do Liqin e do Schlager, ambos venceram mundial.
O material utilizado influencia na mecânica do golpe na minha opinião também.

Na minha opinião, o técnico deve ofertar seu conhecimento, oferecer possibilidades e ajudar nas escolhas do atleta. O atleta deve saber as vantagens e desvantagens de cada estilo, de cada maneira de bater na bola, etc.
Isso deveria ser padrão em todo tipo de conhecimento. O aluno não deveria ser somente um receptor, mas deveria participar de todo o processo de aprendizagem.

No basquete do universo (atual campeão nacional), os atletas conhecem a periodização, sabem os exercícios e seus benefícios. Eles não são apenas executores das atividades.

Ou seja, o que eu recomendo pra você:

  • converse periodicamente com os atletas, tente incentivá-los a conhecer os motivos, as razões, pra jogar em determinado estilo.
  • faça associações entre o estilo de travar na bola do Schlager com seu material, sua personalidade, seu biotipo, trabalhe de forma integral.
  • o atleta tem 4 dimensões: motora (mecânica dos movimentos), cognitiva (parte tática), afetiva (suas reações emocionais em jogo e treino) e social (o que o atleta faz para ajudar o meio onde ele está inserido, ele treina com os mais fracos pra melhorar o grupo?)
    É ideal que seja trabalhado de forma completal, e para mim, a parte que está mais defasada no Brasil é a afetiva. Os atletas treinam bastante, fazem muitas repetições, treinam muitas jogadas, alguns gravam seus treinos e analisam suas táticas, e alguns atletas até socializam seu conhecimento, ajudam os outros, o fórum é uma forma disso. Mas a parte afetiva do atleta ainda é pouco trabalhada. Não é raro ver atleta conversando na arquibancada e correndo pra área de jogo sem ao menos concentrar-se, trabalhar sua respiração, ansiedade, motivação, entre outras características.

Finalizando:

  • em relação a mecanica dos golpes: eu acredito que isso não deve ser imposto. Ofereça algumas possibilidades e converse com o atleta. Pergunte a ele: você prefere carregar a bola, travar na bola, prefere usar mais ou menos o quadril, os pés mais ou menos afastados, o tronco mais ou menos inclinado. Utilize como parÂmetros: o que te dá mais controle pra por a bola na mesa? Qual você consegue colocar melhor a bola onde eu peço? Qual te oferece maior possibilidade de efeito?
    Eu acredito que a mecanica do golpe está relacionada a 3 coisas:
    . as vivências motoras do atleta na infância
    . a sua percepção de eficiência mecânica
    . ao conhecimento ofertado pelo técnico, e não imposto.

  • em relação ao estilo de jogo
    . relacionado diretamente com a personalidade do atleta
    . relacionado com a sua capacidade de raciocionar em cima do jogo, não adianta o atleta ter bom saque e ser agressivo se em determinado adversário seu saque é neutralizado e ele não muda a estratégia, a colocação, outras variáveis de comportamento na partida
    . ao conhecimento ofertado pelo técnico

Uma idéia que eu acho bastante válida:
em um grupo que treina junto todos os dias, ou 4x na semana, focando rendimento, seria interessante que 1x na semana, ou 1x a cada 15 dias, os atletas conversassem entre si e com o técnico, sempre abordando a mecânica do golpe de um atleta do grupo, a tatica do outro, as reações emocionais do outro. Isso ocorre nos bastidores , mas não ocorre de forma programada no Brasil. Penso que se ocorressem avaliações recíprocas dentro de um grupo, muita coisa iria melhorar. Um técnico que foi ex-atleta sabe muita coisa e pode ajudar os atletas, mas muita coisa mudou e tem atleta que sabe mais do que o técnico em relação a vários temas. A melhor maneira do técnico reciclar seu conhecimento é conversar com atleta. É o que eu penso.

[quote=“DarkStalker”:1532ak0i]então o fato de ser escolinha ou elite, não se trata exatamente de uma fase, eh um tipo especifico de treino, vc ker ser um cara competitivo e jogar federação de igual pros outros, vc tem q treinar todo dia e uma quantidade maior de horas/aula. voce gosta do esporte, joga por lazer ou nao tem mto tempo disponivel, vc treina de noite em turma grande, escolinha.
oq eu axo q vc tah confundindo é que da pra ter os dois treinos ao msm tempo, não da, turmas e objetivos mto distintos.[/quote]

Uhmmm… ta ficando mais claro agora (não totalmente ainda). Por exemplo, eu treino no horário do que aqui é chamado escolinha (2 vezes por semana 2h) a tarde e de noite com o pessoal mais velho (3 vezes por semana e dutrande 2:30h). Meu objetivos são competições e tudo mais. Então eu, mesmo fazendo parte da “escolinha”, não faço na verdade, estou tendo um treinamento pra “rendimento”?!

Ficou meio confuso mas acho que da pra entender.

Muito legal essa idéia Jornalista!

Isso me faz questionar novamente sobre o Menininho do ITAIM e relacionando com as respostas anteriores.
Ele, mesmo sendo criança e tudo mais, por já participar de forma competitiva dos campeonatos, ele faz parte de um “TREINO” quando ele está praticando, mesmo que não seja alto rendimento. (pra mim a dois dias atrás era: Treino = alto rendimento e Escolinha = iniciação tanto para o lazer apenas como para competição).

Entendi.

Primeir vez que fui jogar contra uma kateira (kateira pura mesmo), minha técnica disse isso! E que eu deveria ter mais paciência que ela na hora do jogo :slight_smile: . A propósito, esse tópico 2 foi o que eu mais achei interessante! Me fez até levar em consideração para ser tema do meu TCC da facu!

Hj vou questionar 2 técnicos pessoalmente sobre isso e ver o que eles me falam. Estou gostando muito da discussão!

PS: Jornalista, se vc puder me indicar algumas coisas para ler sobre a relação JogoxPersonalidade, ou outros livros que vc acha interessante, eu agradeço!

[quote=“j0rnal1sta”:fhu7o0mf]Uma idéia que eu acho bastante válida:
em um grupo que treina junto todos os dias, ou 4x na semana, focando rendimento, seria interessante que 1x na semana, ou 1x a cada 15 dias, os atletas conversassem entre si e com o técnico, sempre abordando a mecânica do golpe de um atleta do grupo, a tatica do outro, as reações emocionais do outro. Isso ocorre nos bastidores , mas não ocorre de forma programada no Brasil. Penso que se ocorressem avaliações recíprocas dentro de um grupo, muita coisa iria melhorar. Um técnico que foi ex-atleta sabe muita coisa e pode ajudar os atletas, mas muita coisa mudou e tem atleta que sabe mais do que o técnico em relação a vários temas. A melhor maneira do técnico reciclar seu conhecimento é conversar com atleta. É o que eu penso.[/quote]
Concordo plenamente com a quase tudo o que vc colocou aqui (mesmo assim, quem sou eu para discutir com vc heheheheheh), mas separei este trecho como a coisa mais importante que vc disse na minha opinião.
Acho uma pena que as pessoas (inclusive infelizmente os técnicos) pensem que isto é perda de tempo no nosso esporte. Na minha opinião, a superficialidade em que vivemos é o vetor principal que faz com que essas coisas não sejam praticadas ou levadas em conta. As pessoas precisam dedicar algum tempo programado e sistematizado à esta troca de experiências, e acho que isto vale tanto para o ambiente amador quanto para o profissional. Isso é bom para todo mundo, inclusive para os técnicos, como vc sabiamente destacou, na questão do feedback e atualização. Mas outro fator que vejo como um grande obstáculo a esta prática é a falta de humildade dos envolvidos (todos), o que talvez seja um dos maiores (senão o maior) problemas do nosso esporte em qualquer aspecto.
Enfim, de qualquer forma, é muito legal que um cara com o seu conhecimento e embasamento exponha isso aqui, pois tem maior probabilidade de gerar reflexão. E ainda endosso com vc a importância do fórum, que na maioria das vezes acaba preenchendo estas grandes lacunas. É por isso que sempre estamos tentando ajudar.
Abraços!!!

[quote=“No-chan”:18qnyvpp][quote=“DarkStalker”:18qnyvpp]então o fato de ser escolinha ou elite, não se trata exatamente de uma fase, eh um tipo especifico de treino, vc ker ser um cara competitivo e jogar federação de igual pros outros, vc tem q treinar todo dia e uma quantidade maior de horas/aula. voce gosta do esporte, joga por lazer ou nao tem mto tempo disponivel, vc treina de noite em turma grande, escolinha.
oq eu axo q vc tah confundindo é que da pra ter os dois treinos ao msm tempo, não da, turmas e objetivos mto distintos.[/quote]

Uhmmm… ta ficando mais claro agora (não totalmente ainda). Por exemplo, eu treino no horário do que aqui é chamado escolinha (2 vezes por semana 2h) a tarde e de noite com o pessoal mais velho (3 vezes por semana e dutrande 2:30h). Meu objetivos são competições e tudo mais. Então eu, mesmo fazendo parte da “escolinha”, não faço na verdade, estou tendo um treinamento pra “rendimento”?!

Ficou meio confuso mas acho que da pra entender.

[/quote]
então, realmente não eh mto simples, mas vamos assim, esse treino de 2 vezes por semana q vc faz, q seja com objetivo de competição, a maioria q busca competir em alto nivel treina em media 4 horas de 5 a 6 vezes por semana, vc axa q com suas 4 horas semanais ou ateh mesmo as 7,5 horas semanais, vc consegue atingir o mesmo rendimento de quem treina de 16 a 20 horas semanais? com um treino de 2,5 horas, qto tempo de preparo fisico vc faz nesse treino?
outra coisa do treino pra competiçao é q vc tem q ter parceiros que consigam treinar com vc o tempo todo, no treino escolinha vira e mexe vc tem alguem q nao consegue nem bloquear pra vc.

[quote=“DarkStalker”:u2emt0sm][quote=“No-chan”:u2emt0sm][quote=“DarkStalker”:u2emt0sm]então o fato de ser escolinha ou elite, não se trata exatamente de uma fase, eh um tipo especifico de treino, vc ker ser um cara competitivo e jogar federação de igual pros outros, vc tem q treinar todo dia e uma quantidade maior de horas/aula. voce gosta do esporte, joga por lazer ou nao tem mto tempo disponivel, vc treina de noite em turma grande, escolinha.
oq eu axo q vc tah confundindo é que da pra ter os dois treinos ao msm tempo, não da, turmas e objetivos mto distintos.[/quote]

Uhmmm… ta ficando mais claro agora (não totalmente ainda). Por exemplo, eu treino no horário do que aqui é chamado escolinha (2 vezes por semana 2h) a tarde e de noite com o pessoal mais velho (3 vezes por semana e dutrande 2:30h). Meu objetivos são competições e tudo mais. Então eu, mesmo fazendo parte da “escolinha”, não faço na verdade, estou tendo um treinamento pra “rendimento”?!

Ficou meio confuso mas acho que da pra entender.

[/quote]
então, realmente não eh mto simples, mas vamos assim, esse treino de 2 vezes por semana q vc faz, q seja com objetivo de competição, a maioria q busca competir em alto nivel treina em media 4 horas de 5 a 6 vezes por semana, vc axa q com suas 4 horas semanais ou ateh mesmo as 7,5 horas semanais, vc consegue atingir o mesmo rendimento de quem treina de 16 a 20 horas semanais? com um treino de 2,5 horas, qto tempo de preparo fisico vc faz nesse treino?
outra coisa do treino pra competiçao é q vc tem q ter parceiros que consigam treinar com vc o tempo todo, no treino escolinha vira e mexe vc tem alguem q nao consegue nem bloquear pra vc.[/quote]

Bom, preparo fisico eu faço de tarde na academia por mais ou menos 1:00~1:30h, 5 vezes por semana.
Nos treinos da tarde na mesa, é meio dividido. Tipo, eu n treino com todo mundo, treino com pessoal do meu nível+ (há uma regularidade no treino).

Mas fora a minha parte, a quantidade de horas determina se eu tenho um local onde ofereço uma escolinha ou um club (treino msm)?
Ou é relativo, mais ou menos assim. “Não se pode ter um local de treino visando competições treinando menos de 14h/semana. Se for menos, quer dizer que é uma escolinha, mesmo se os jogadores treinem visando resultado (isso aind ta confuso pra mim.Resultado = alto rendimento?).”

A diferenciação de escolinha e de treinamento ocorre baseada em:

  • objetivo dos atletas/alunos
  • programação envolvida (preparo físico, lançamentos, nutricionista, psicólogo esportivo)
  • estabelecimento de metas pelo técnico
  • horas treinadas?!

As classificações e as nomenclaturas variam muito, os estudiosos definem de maneiras diferentes. Eu gosto muito de seguir esta linha:

alto rendimento -> você treina buscando sempre superar os seus limites técnicos, táticos, físicos, psicológicos, você busca o seu melhor rendimento mas você não necessariamente é atleta olímpica, você estuda , tem outro emprego;
atleta de alto nível -> atleta que disputa mundial, olimpíada, representa seleção nacional, campeonatos internacionais;
atleta profissional -> atleta que vive da modalidade, recebe salário, viaja pelo mundo competindo, disputa seletivas e campeonatos internacionais, o esporte é aquele emprego pra ele pelo menos por um tempo;
atleta semiprofissional -> atleta que recebe alguns benefícios em virtude de competir naquela modalidade, mas tem outra fonte de renda e divide seu tempo com estudos ou outro emprego, de outra natureza.

  • Falando de faixa etária:
    como você citou, tem criança que treina todo dia, compete na federação, viaja, etc. Até que ponto isto é saudável pra ela? Se a criança está em processo de especialização precoce, muita coisa ruim pode aparecer depois de certo tempo, lesões, frustrações, etc.
    Se a criança realmente sente prazer em competir, treinar, não faz aquilo por obrigação, é interessante. É dificil você disciplinar uma criança pra treinar todos os dias e competir frequentemente, mesmo porque muitos autores defendem que, é melhor você permitir que ela pratique todos os esportes, faça esportes de natureza, de raquete, esportes coletivos, e perto dos 12 anos, 13 anos, ou seguindo uma faixa específica da pré-puberdade ou da maturação psicológica e fisiológica, pra depois escolher uma modalidade pra competir.

Eu li algumas coisas referente ao Federer e ao Jordan por exemplo. O Federer jogou tênis de mesa e futebol até certa idade, pra depois se fixar no tênis e hoje é o melhor de todos os tempos. Jordan praticava beisebol.

  • Em relação aos objetivos:
    . quando você detecta uma criança na escolinha que tem talento, rebate muitas bolas sem errar, sabe se movimentar, tem facilidade pra jogar, é até dificil discutir objetivos com ela, acho interessante então sondar o que os pais acham sobre a possibilidade de mudar a criança de grupo, ao invés de ir pra escolinha 2x na semana, ir para o grupo de treino 3x por semana.
    . essa transição escolinha-treino tem que ser feita com certo cuidado, de modo que a criança não caia em um grupo somente de adultos
    . então os objetivos direcionam muita coisa, a criança pode ter 9 anos e ter maturidade suficiente e vontade pra treinar com os mais velhos, e o técnico deve ficar atento pra isso. Pode ser o momento de mudar ela de grupo
    . mas também existem crianças de 12 anos e adolescentes de 15 que não querem saber de competir, só querem passar o tempo jogando , brincando, se divertindo, assim como existem adultos assim.
    . penso que na escolinha, e até certa idade ou maturidade, a criança deve praticar por lazer, e tem autores que afirmam que o lazer e o prazer na atividade é alcançado pelo estabelecimento correto de algumas regras

Pesquise no google por: escolas da motricidade humana
Elas são divividas em perceptivo motora, psicomotora e sociomotora.
Eu recomendaria as diretrizes da psicomotora e da sociomotora para crianças até 11-12 anos no tênis de mesa, com algumas poucas partes das aulas voltadas para a perceptivo-motora.
O que significam essas escolas?
Perceptivo motora afirma que você deve praticar os movimentos com objetivos de melhorar os próprios movimentos, ou seja, você dá 100 drives pra melhorar o próprio drive. Pra mim ela é adequada somente para treinamento.
Psicomotora afirma que os seus movimentos devem ser praticados objetivando uma vivência de elementos psicomotores: lateralidade, ritmo, equilíbrio, coordenação fina, global, percepção espacial e temporal, entre outros elementos.
Sociomotora afirma que os movimentos devem ser uma alternativa, um meio para socializar os individuos.

Você dificilmente vai utilizar somente uma escola, mas sempre alguma com predomínio.
Em escolinha, eu acho interessante utilizar a psicomotora, pois você dá uma base pra criança e ela pode escolher qualquer esporte a partir de certa idade e terá bons resultados. A sociomotora é interessante pra grandes grupos.

Em treinamento, predomina a perceptivo motora e em alguns casos sociomotora para melhorar a relação das pessoas em um grupo, ou psicomotora para eliminar problemas na chama base.

. Em relação a programação envolvida na escolinha e no treinamento
Eu acredito que, em uma escolinha onde o objetivo é fornecer o maior número de vivências para as crianças, você pode fazer o trabalho sem ajuda de outras pessoas. Não acho necessário que exista acompanhamento nutricional, ou psicólogo (exceto em casos extremos de indisciplina ou problemas pessoais), ou preparo físico.
Ou seja, a escolinha na minha concepção deve ser um momento totalmente recreacional, a criança deve sentir prazer em estar lá. A satisfação é enorme quando bate o sinal de fim da aula e as crianças pedem pra fazer mais uma rodada de determinada brincadeira.

No treinamento, já acho necessário que exista acompanhamento nutricional, psicológico, preparo físico adequado, escolha de metas, campeonatos importantes a serem jogados, entre outras variáveis. A programação é mais técnica e envolve uma série de profissionais. Daí vem o seu objetivo. Você quer ganhar o campeonato brasileiro ou quer ser competitiva dentro do seu clube?

. Em relação ao tempo praticado semanalmente.
Escolinha - na minha concepção, acredito que 2 a 3 horas semanais, no máximo 4horas, é ideal para fornecer uma base grande de movimentos e jogos onde a criança socialize, pense, e adquira prazer no tênis de mesa

Treinamento - aqui depende totalmente da periodização , quando ela é feita , porque quase ninguém faz no Brasil devido diversos fatores: os técnicos e atletas desconhecem os métodos pra elaborar uma periodização, ou os calendários da confederação e federações são constantemente alterados, ou o atleta se lesiona frequentemente
Aquela máxima de que o atleta deve descansar perto da competição é válida se ele realmente treinou o que era necessário nas semanas que estavam distantes de campeonatos.

. Estabelecimento de metas pelo técnico
Escolinha - as metas que estabeleço em uma escolinha estão voltadas para a melhora das batidas de forehand e backhand, mas principalmente que eles façam muitas sugestões durante a aula, não se atrasem, sintam vontade em praticar a aula, façam perguntas, e consigam cada vez mais ter progresso no seu equilíbrio, no seu raciocínio, na sua motricidade de modo geral.

Treinamento - depende do nível do atleta e da época.
A meta pode ser a longo prazo: um campeonato daqui 8 meses
Médio prazo: um campeonato daqui 2 meses ou então melhorar satisfatoriamente o backhand
Curto prazo: campeonato daqui 1 semana, ou acertar 300 bolas em determinado treino

Em relação a seguinte afirmação:
"“Não se pode ter um local de treino visando competições treinando menos de 14h/semana.”
Isso na minha concepção é incorreto, pois varia com a periodização. Já ouvi comentários de pessoas com conhecimento aqui do site que atleta top10 foi treinar 3x na semana , duas horinhas cada sessão e descanso.

O próprio Dunga disse ontem na globo: meus jogadores estão treinando cada vez menos, pois precisam estar descansados para jogar, etc.

Você não pode dar muito treino (estímulo-estresse) se o tempo pra recuperação é curto.

O que determina se o seu local de treino é uma escolinha ou treinamento na minha opinião são os fatores citados:

  • objetivos dos atletas/praticantes
  • tempo de prática (na escolinha deve ser reduzido, mas no treinamento nem sempre será muito extenso)
  • estabelecimento de metas do técnico
  • nível dos atletas do grupo (acredito que isso diferencia o clima, o ambiente, o objetivo final do grupo)

É dificil você treinar em um grupo onde seu objetivo é Olimpiada e do outro cara é ganhar a Liga Regional. A sua concentração, ansiedade, determinação, etc, serão provavelmente maiores que do teu colega de treinos, a não ser que, para ele vencer uma Liga Regional represente um grande avanço. Tudo depende do objetivo do atleta.

o treinamento também pode ter subdivisões

  • grupo de elite A - atletas que estão entre as primeiras posições das suas respectivas categorias na federação paulista
  • grupo de elite B - atletas que estão entre 8 e 15 posições das suas categorias na federaçao paulista
  • grupo de treinamento inicial - atletas que recém aprenderam alguns fundamentos básicos

O ideal é que eventualmente atletas mais fortes ajudem os mais fracos a treinar.

Quando você perceber que uma criança da escolinha se interessou em aprender algo mais técnico, convide-a pra assistir o treinamento. Essa transição tem que ser feita cautelosamente. Eu acompanhei a transição de alguns alunos de turmas de iniciação de natação pra aperfeiçoamento 1. A idade variava apenas 1 ano, e as crianças de iniciação tiveram muitas dificuldades, mesmo sendo a mesma professora, e mesmo estando preparadas tecnicamente pra mudar de turma.

Em uma estruturação de um clube muita coisa deve ser pensada, não é bem o que eu tenho estudado mas, acredito que o ideal é separar turmas de acordo com os objetivos, níveis (até certo ponto), e faixas etárias (até certo ponto também).

olha ateh concordo que nao da pra treinar sempre forte o atleta, mas o tenis de mesa diferente do futebol nao tem partidas que chegam a 2 horas de duração, nao tem jogos a cada 3 dias, eh possivel trabalhar com ciclos e microciclos bem definidos na periodização do treinamento.
qto a qtd de horas determinar o tipo de treino local, nao diria q determina, mas limita sim, se vc soh tem o local disponivel 3 horas e 2 vezes por semana, eh praticamente impossivel vc realizar treinos de elite, mas ao mesmo tempo vc pode ter local disponivel 24h 7 dias por semana e nao kerer ter uma elite.

Concordo. Sem ter tempo disponível e uma estrutura mínima (bolas e espaço), não é possível ter um grupo de elite.
No Brasil o que ocorre é que muitos atletas acabam por treinar em lugares diferentes às vezes (o que eu acho interessante), pois você se acostuma com diferentes lugares, mesas, pessoas, etc.

[quote=“j0rnal1sta”:1u0b3v3i]Concordo. Sem ter tempo disponível e uma estrutura mínima (bolas e espaço), não é possível ter um grupo de elite.
No Brasil o que ocorre é que muitos atletas acabam por treinar em lugares diferentes às vezes (o que eu acho interessante), pois você se acostuma com diferentes lugares, mesas, pessoas, etc.[/quote]
tb axo interessante na parte acostumar com diferentes locais, uma vez q no nosso esporte o material e o espaço influencia diretamente no desempenho, porém tem q levar em conta as metodologias e objetivos de diferentes locais, as vezes o objetivo de um tecnico com um aluno nao eh o msm do outro.