A notícia está no site
http://esporte.uol.com.br/atletismo/ult … 3u654.jhtm
Mas segue abaixo também:
COI PROMETE INVESTIGAR O CASO
Na final do revezamento 4x100 m em 2000, o então recordista mundial Maurice Greene cruza à frente de Claudinei Quirino. Essa cena pode ficar para trás com a confissão de Tim Montgomery, parte daquele time.
O COI disse nesta terça que irá investigar o caso. Montgomery, de 33 anos, fez a confissão em entrevista ao canal HBO. “Tenho uma medalha de ouro que não foi obtida com meu talento. Não estou aqui para desmerecer as glórias alheias, só as minhas. E devo pedir desculpas aos meus colegas pelo que ocorreu”. As declarações de Montgomery ainda serão veiculadas.
Emmanuelle Moreau, porta-voz do COI, disse que a entidade irá investigar o assunto. “O COI criou uma comissão sobre o caso Balco em 2004, com o objetivo de investigar o modo como o laboratório pode ter afetado os Jogos Olímpicos”.
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A revelação de que o velocista Tim Montgomery correu dopado nos Jogos de Sydney-2000 pode dar ao Brasil o título olímpico do revezamento 4x100 m. A medalha de ouro pode chegar ao pescoço de Claudinei Quirino, Edson Luciano, André Domingos e Vicente Lenílson, mas eles lamentam que as glórias de campeão olímpico não serão recuperadas com o reconhecimento tardio.
“Eu vou ficar feliz com o ouro, não vou ser hipócrita de falar que não. Mas o que deixamos de conquistar naquela época, ouvir o hino, mesmo a parte financeira, isso nunca mais vai voltar. Eu vi o que aconteceu com a Maurren, o choro dela no pódio, aquela alegria. Isso o time do 4x100 m brasileiro nunca vai ter, mesmo sendo os únicos campeões das Olimpíadas de Sydney. Esse ouro será na hora errada”, diz Edson Luciano.
Montgomery fez parte do time do revezamento 4x100 m que deu a medalha de ouro aos EUA em Sydney. Ex-recordista mundial, ele correu apenas nas eliminatórias. Na corrida que valeu o ouro, estavam na pista Maurice Greene, Jon Drummond, Bernard Williams e Brian Lewis - Kenneth Brokenburr disputou as eliminatórias.
“É frustrante saber disso agora. Nós deixamos de ouvir o hino, deixamos de defender os 180 milhões de brasileiros que representamos nas Olimpíadas. Ele pode não ter disputado a final, mas ajudo o time americano a chegar lá. O time tem de ser punido”, afirmou André Domingos.
A chance de o Brasil herdar o ouro de Sydney-2000, que seria o único de toda a delegação brasileira nos Jogos, existe, mas todos os envolvidos com o assunto lidam com isso de forma cautelosa. Existe um precedente que pode manter o resultado dos norte-americanos.
O 4x400 m dos EUA viveram caso semelhante, também relativo a 2000. Jerome Young admitiu ter participado dos Jogos dopado, mas disputou apenas as eliminatórias da prova. O caso foi até a Corte Arbitral do Esporte, na Suíça, que decidiu que o time não seria punido. Tempos depois, Antonio Pettigrew, que disputou a final, admitiu ter competido dopado e o time foi, então, eliminado.
“Todo o nosso trabalho (para os Jogos Olímpicos) foi jogado para o mato. Eu queria xingar todo mundo, porque perdemos muito sem aquele resultado. Mesmo assim, hoje eu faço trabalho com jovens e isso vai servir para mostrar para eles que tudo tem conserto. Se esse ouro vier mesmo, eu vou ficar muito orgulhoso”, falou Claudinei Quirino - o único que não foi encontrado pela reportagem foi Vicente Lenílson, que não atendeu às ligações ao seu telefone celular.
A Confederação Brasileira de Atletismo disse à reportagem que espera mais detalhes sobre o caso para agir. “A CBAt aguarda com muita atenção o desenrolar do caso para, no momento devido, caso confirmadas as declarações, atuar no sentido de que a medalha de ouro seja entregue a quem de direito”, afirmou, em nota oficial, o presidente da entidade, Roberto Gesta de Mello.
O Comitê Olímpico Brasileiro afirmou que vai esperar decisão do COI. O Comitê Olímpico dos EUA pediu que Montgomery devolva a medalha e o Comitê Internacional afirmou que vai incluir o caso nas investigações do Laboratório Balco, que começaram em 2004 e já tiraram sete medalhas do time norte-americano de atletismo.
Caso o ouro venha realmente para o Brasil, será a terceira medalha conquistada com casos de doping desse time. Eles já receberam o “upgrade” de bronze para prata no Mundial de 1997 e de prata para ouro, no Pan de 2003. “Eu lembro que recebi minha medalha de 97 pelo correio”, lamenta Edson Luciano.
Para o ouro olímpico, o pedido é de uma festa maior: “Só o que eu queria é que, se formos realmente receber essa medalha de ouro, que seja montada uma festa e que essas medalhas sejam entregues tocando o hino, para que todo mundo veja”, completa Quirino.