Caro Eder, tenho 23 anos, e talvez passei por esse caminho, ou melhor ainda passo. Respondendo suas perguntas.
Acho que eu passo pelo dilema de muitos jogadores: que estilo de pegada adotar? Sempre gostei de jogar caneta, mas no clube onde treino fui estimulado a adotar o estilo clássico, que venho gostando e não pretendo abandonar até que me considere razoavelmente adaptado.
Comecei a jogar em 2007 como estilo clássico. Aos poucos fui aperfeiçoando meus golpes, e me tornei um looper. Mas em 2014 senti algo estranho. Meus golpes entravam, eu ganhava bastante jogos, mas não me sentia bem. Por que? Porque meu jogo estava previsível demais, todo mundo já sabia que eu ia pro loop drive (tanto no FH quanto BH), e por mais que eu fizesse os pontos e ganhasse jogos, eu não ficava feliz. E daí resolvi mudar pro classineta, porque queria ter mais mobilidade no meu pulso, fazer fintas no saque, ter mais recursos (como shoto e backhand classineta). E comecei a ver que naturalmente eu sou um caneteiro, porque faço muita finta de pulso em cima da mesa. Não mudarei mais. E, infelizmente, a tendência do mundo do tênis de mesa é todo mundo virar clássico e jogador de drive. Por isso gosto de jogar e conversar com caras que usam pino, anti, etc.
Logo, jogue o que te faz sentir bem e feliz (esqueça resultados por enquanto). Não iremos ser campões do mundo nem ganhar do Ma Long, então siga esse conselho a risca kkkkk.
Infelizmente, muitos técnicos (como o meu primeiro) tendem a iniciar o atleta no estilo clássico, o que ao meu ver é totalmente errado. Cabe ao longo do tempo o atleta decidir também, pois aprendizagem é um processo que não tem retorno imediato. Um caso muito famoso é o de Cazuo Matsumoto. O dele é até pior que o nosso, pois ele é jogador de alto rendimento e caneteiro tradicional (raríssimo hoje em dia). Em uma época ele estava perdendo muitos jogos, e consultou o treinador dele, Mauricio Kobayashi para mudar pra clássico. Mauricio não deixou, pelo contrário, estimulou ele a continuar caneta e deu no que deu.
Uma das razões pra todo mundo virar clássico é culpa da própria ITTF, que prega “diversidade no esporte” (com umas 500 aspas do lado). Quando tinha bola de 38mm, havia uma diversidade imensa de jogadores comparados a hoje. Essa bola nova livre de celulóide é mais lenta que a de celuloide de 40mm. É uma bola com material pior, mais cara (não sei porque), com diâmetro irregular (algumas chegam a ter 42mm) e mais quebradiça. Pior que isso só se eles colocarem bola de tênis ou boliche pra gente jogar. Ou seja, com o jogo cada vez mais lento, a tendência de cair em rally é alta demais, então teremos uma sequência de drives. E, como você bem sabe, caneteiro sempre foi um estilo de definição rápida (vide Liu Guoliang e Ma Lin), não é natural do caneteiro ir pra rally (a não ser extraterrestres como Xu Xin, mas deixemos pra lá). Por isso você sentirá um pouquinho a mais de dificuldade, pois seu shoto será mais lento do que com a bola de celuloide. Mas nada que um pouco de prática faça você chegar lá. E, por mais que essa bola seja lenta, vale a pena investir muito em saque e recepção, pois é a base do jogo de todo caneteiro. Mesmo com essa bola nova, muita gente ainda engole saque ou recebe errado (serviço e recepção é a base do nosso esporte).
Das borrachas que você citou, normalmente as da Friendship são pinos muito bons. O 729 modelo 802 o pessoal fala bem dele. Se você quiser mais algo mais rápido, esse da Joola vem com um efeito cola rápida que dá mais velocidade. Mas eu tentaria o 729 modelo 802, pois sua madeira já é bem rápida.