O jornal A Tarde aqui de Salvador colocou uma notícia bem legal sobre o Vevé e o Tênis de Mesa:
Vevé, o sambista de raquete
Biaggio Talento
Haroldo Abrantes | Arquivo | Ag. A TARDE
Vevé nunca registrou a música em homenagem a Pererê num CD
Além da música, o compositor Vevé Calazans, que faleceu semana passada, tinha uma paixão muito forte: o tênis de mesa. Ele praticava o esporte em Salvador, disputava torneios na categoria veterano, e encantava os atletas com sua simpatia e humor. Gostava tanto do universo da bolinha e da raquete que homenageou um dos maiores campeões do esporte na Bahia, José Clarindo Bittencourt, o Pererê, 70 anos, com um samba. Em dezembro, Pererê ganhou três medalhas de ouro no torneio nacional realizado no Ceará.
Vevé nunca registrou a música num CD, mas a tocava sempre que reunia os amigos para bater uma bolinha em casa, onde tinha uma mesa oficial do esporte. O samba descreve o estilo de jogo e as manias de Pererê, contabilista de formação e inventor, tendo desenvolvido uma fórmula do acarajé em pó para o qual luta há anos para montar uma fábrica.
Eu conheci um cara muito bom de bamba/
Mas não é se samba que ele vive, não senhor/
Ficou famoso como rei da navalhada/
Deixa a turma arrepiada quando entra para jogar
Esse mulato gosta muito de forró/
Ele que inventou o acarajé em pó/
Joga na loto todo dia toda hora/
Está escrito na história que ele rico vai ficar
A “navalhada” aqui não se refere a golpe de navalha. É um termo do jargão mesatenista que significa um tipo de defesa.
Bittencourt chegou a ser professor de tênis de mesa de Vevé, mas admite que ele não evoluiu muito no esporte, devido aos seus afazeres de compositor. “Ele fez a música, mais como gozação, mas fez grande sucesso entre os colegas”, contou Pererê. O compositor não esqueceu dos mínimos detalhes do estilo Pererê:
Quando ele ganha, ganha de bandeja/
Depois toma coca-cola misturada com cerveja/
E as dezenas de medalhas não podia/
Pendurar no seu pescoço/
Com o peso lhe caia/
Quando se reta vai dizendo “ora porra”/
Não tem saco para ensinar, não tem saco para jogar
O mesa-tenista lembrou que Vevé também tinha manias e superstições. Certa feita Pererê atuava como juiz de um jogo de Vevé. Ele perdeu o primeiro set e levou o segundo, fazendo com que a partida fosse para a “negra”, o terceiro set. “Ele se recusou a mudar de lado, disse que ia ficar no lado que ganhou. Mas não teve jeito, regra é regra, teve que mudar de lado. Acabou sendo derrotado no terceiro”.
Vevé também assinalou, com humor, o sonho de Bittencourt em enricar.
Quando comprar sua mansão com mordomia/
Vai jogar com seo Messias e o Vevé vai lá cantar/
Seus amigos lhe desejam muito axé/
E aceitam o Pererê, do jeitinho que ele é/
Pererê, tererê, Pererê, tererê/
Bota cola na borracha que o Perê já vai jogar/
Quem sabe a previsão de Vevé não se concretize brevemente. Pererê disse ter recebido um convite do ex-deputado Benito Gama, hoje integrando o governo estadual do Rio Grande do Norte, para montar lá sua fábrica de acarajé em pó. “As pessoas valorizam mais as coisas de fora”, diz com uma certa mágoa da Bahia.
http://atarde.uol.com.br/cultura/noticia.jsf?id=5833249&t=Veve+o+sambista+de+raquete
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